O SinpecPF se reuniu com o diretor-executivo (Direx) da PF, Disney Rosseti, na manhã desta terça-feira (12) para tratar de uma pauta “espinhosa”: as ações concretas que o órgão pode tomar contra atos que segregam — sem nenhum fundamento — servidores administrativos e policiais federais. Para o sindicato, a derrubada dessas barreiras discriminatórias é essencial para a valorização da categoria administrativa.

É o caso da Portaria nº. 9.020-DG/PF, publicada no final do ano passado. O texto regulamenta o uso e padroniza os requisitos mínimos dos uniformes destinados ao PECPF. O que deveria ser motivo de comemoração acabou sendo recebido como um gesto discriminatório pela classe. O motivo é simples: sem explicar o porquê, o órgão optou por abrir mão da característica cor preta dos uniformes policiais, adotando a cor azul, que sequer integra o rol de cores da instituição.

Para o sindicato, o episódio lembra o debate acerca da cor das carteiras funcionais. Enquanto alguns diretores da PF defendiam que o documento fosse marrom, outros entendiam que ela deveria ser preta, tal qual a dos policiais. Naquela oportunidade, acabou prevalecendo o bom senso, com a adoção de modelo idêntico para ambas as categorias.

“Ficou claro que uma cor diferente não garantiria mais segurança para os administrativos, tampouco impediria que um servidor fizesse mau uso do documento”, lembrou o presidente João Luis Rodrigues Nunes. Ele ressaltou que a diferenciação apenas contribui para o sentimento de que o órgão cria “castas” entre seus servidores. “Se alguém cometer uma infração, que seja devidamente punido”, ressaltou.

Rosseti afirmou não ter conhecimento sobre o tema, de alçada da Diretoria de Logística e Administração Policial (DLOG). “Acredito não ser o caso. Vou me inteirar sobre o processo e sugiro que o sindicato apresente formalmente seus argumentos”, recomendou.

O SinpecPF também pediu apoio no debate acerca da concessão do porte funcional. O diretor jurídico do sindicato, Cícero Radimarque, lembrou que muitos servidores exercem atribuições que justificam o porte de arma. “Hoje, não temos sequer a isenção das taxas referentes ao registro e ao porte. Com a mudança de governo, entendemos que a PF deve apoiar nossa causa”, explicou. Sobre o tema, Rosseti se disse favorável a alterações na legislação.

Mudanças nas inspeções em aeroportos — O sindicato deixou a reunião com ao menos uma boa notícia: a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) concordou que os critérios para inspeção de servidores em serviço precisam ser suavizados. “Estamos participando de reuniões com a Anac e as alterações deverão ser definidas ainda nesta semana”, confirmou o Direx.

No ano passado, o sindicato chegou a oficiar tanto a Anac quanto a PF cobrando mudanças nas normas. Desde 2013, apenas os policiais federais estão desobrigados de passar pela inspeção, o que causa constrangimento aos administrativos. Nos aeroportos, é comum que administrativos e policiais exerçam as mesmas atividades de fiscalização e de controle.