O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) pôs ontem a Associação Nacional de Apoio a Reforma Agrária (Anara) no cadastro de inadimplentes. A Anara, entidade que presta assistência técnica ao MLST, não apresentou a prestação de contas ao governo federal de um convênio de R$ 2,471 milhões celebrado com o Incra, como revelou O GLOBO na semana passada. O prazo se encerrou no dia 8 de junho.

A legislação garante 30 dias de prorrogação para a apresentação das notas, mas até ontem a prestação não havia sido feita. Durante o governo Lula, a Anara celebrou convênios para assistência técnica aos assentados do MLST que totalizam R$ 5,6 milhões. Com a decisão do Incra, a entidade fica impedida de firmar qualquer contrato com o governo federal. No início de junho, militantes do grupo invadiram a Câmara dos Deputados.

Segundo levantamento da ONG Contas Abertas, que acompanha os gastos da União, a Anara perdeu todos os prazos legais para apresentar a prestação de contas.

Líderes poderão responder por uso irregular de recurso

Com a medida, os responsáveis pelos convênios da Anara, os líderes do MLST Bruno Maranhão e Edmilson de Oliveira Lima, poderão responder por eventuais usos irregulares dos recursos públicos. Os dois foram presos em junho depois da invasão do Congresso e já liberados.

Procurado pelo GLOBO, o líder do MLST, Edmilson de Oliveira Lima, não respondeu ao pedido de entrevista. A coordenadora política do MLST, Gladis Rossi, informou ontem que o atraso na prestação de contas foi provocado pela prisão dos principais líderes do movimento por quase dois meses.

Gerson Camarotti / O Globo