Vice-presidente da comissão, Jungmann afirmou que todos os parlamentares suspeitos serão notificados

A CPI dos Sanguessugas tem provas contundentes contra 80% dos 112 parlamentares acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias. A afirmação é do vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), ao informar que a comissão de inquérito vai notificar todos os parlamentares suspeitos de participar do esquema de apresentação de emendas ao orçamento para compra superfaturada de ambulâncias.

A CPI marcou reunião administrativa, hoje, para tentar votar requerimento pedindo a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico dos parlamentares, ex-parlamentares e integrantes do Poder Executivo, entre eles o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, mencionados por Luiz Antônio Trevisan Vedoin em depoimento à Justiça de Mato Grosso. Vedoin é um dos sócios da Planam, principal empresa do esquema de superfaturamento de ambulâncias.

O relatório preliminar da CPI, que deverá ser apresentado até a segunda quinzena de agosto, vai trazer os nomes dos parlamentares contra os quais há provas de envolvimento com o esquema. O nome de Humberto Costa não estará neste primeiro relatório. O ex-ministro, que é candidato do PT ao governo de Pernambuco, foi citado por Vedoin. Integrantes da CPI defendem que o ex-ministro deponha apenas depois das eleições. “Se trouxermos a questão do Executivo agora para a CPI, vamos trazer o circo da sucessão”, argumentou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), um dos integrantes da comissão.

As provas em poder da CPI contra os envolvidos são cópias de depósitos bancários nas contas de parlamentares, de seus familiares e assessores, além da transcrição das gravações de conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal entre parlamentares e assessores com sócios da Planam. “Há provas contra uns 81, 82 parlamentares. Só os que receberam em dinheiro vivo é que está mais difícil de comprovar a participação”, disse Jungmann. Cerca de 40 parlamentares teriam recebido a propina em espécie.

O sub-relator de Sistematização da CPI, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), também defendeu a notificação dos 112 parlamentares para apresentar suas explicações. Até agora, a CPI notificou 57 parlamentares que são alvo de inquéritos abertos a pedido da Procuradoria-Geral da República.

De acordo com Jungmann, dos 112 parlamentares, 100 estão no exercício do mandato e 12 são ex-parlamentares. Alguns foram ontem à CPI dos Sanguessugas para entregar suas defesas pessoalmente. É o caso do deputado Itamar Serpa (PSDB-RJ), que afirmou ser inocente. “Fui notificado pela CPI, mas não sei do que estou sendo acusado”, disse o tucano. “Estão fazendo um massacre conosco”, completou. Os deputados João Correia (PMDB-AC) e Marcondes Gadelha (PSB-PB) também foram à CPI entregar suas defesas.

Eugênia Lopes / O Estado de S. Paulo