A proposta de Reforma Administrativa prometida pelo governo Bolsonaro ainda não chegou ao Congresso Nacional, mas o funcionalismo já articula seu “contra-ataque”. No próximo dia 11, a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público divulgará, em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, estudo que rebate as afirmações do governo de que os salários do setor público precisam ser reduzidos.

Os dados foram compilados com o apoio de diversas entidades representativas de classe e comprovam que a realidade do serviço público é bem distinta daquela pintada pelo governo federal. Como dizer que o funcionalismo é constituído por uma “massa” de privilegiados quando o a remuneração média no setor é de R$ 3.800,00 (levando em conta União, estados e municípios)?

A ‘Cartilha Estados e Municípios’ também desmitifica a tese de inchaço no Estado brasileiro. Analisando o período de 1986 a 2017, o estudo mostra que a expansão dos vínculos públicos acompanhou o ritmo de crescimento do setor privado — com variações em função dos movimentos cíclicos da economia ao longo do período estudado. Assim, a parcela do funcionalismo na população economicamente ativa permaneceu praticamente inalterada, subindo de 9% para 11% no período de 1992 a 2017, número inferior ao da maior parte dos países desenvolvidos.

Para o deputado Professor Israel Batista (PV/DF), coordenador da frente parlamentar, o estudo mostra não haver espaço para cortes de salário, tampouco para redução de jornada. “Isso significaria deixar de prestar serviços públicos em áreas essenciais como saúde, educação ou segurança pública”, declarou em entrevista à jornalista Paloma Savedra, do jornal O Dia.

Lançamento da campanha salarial unificada — Também na próxima semana, no dia 12, os servidores marcarão presença no Auditório Nereu Ramos para o lançamento da “Campanha Salarial Unificada 2020”. Sem reajustes desde janeiro de 2017, a categoria reivindica 33% de aumento, cálculo que engloba 31% de inflação e apenas 2% de ganho real.