O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Francisco Carlos Garisto, foi convidado para a Audiência Pública sobre tráfico de armas, que será realizada nesta terça-feira (6/6), às 14 horas, na Câmara dos Deputados. O requerimento 234/06, de autoria do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), foi aprovado por unanimidade pelos membros da CPI do Tráfico de Armas em 31 de maio passado.

 

Garisto vai apresentar um poderoso dossiê com dados novos sobre o tráfico de armas. Garisto leva à audiência os resultados de uma investigação que promoveu com agentes da PF e da Receita Federal, num período de seis meses.

 

A revista Consultor Jurídico teve acesso ao dossiê de Garisto. Ele elenca cinco pontos, entre denúncias e propostas. Garisto vai denunciar que quase 100% de todas as armas que caem nas mãos do crime organizado chegam ao Brasil pelo Porto de Santos. Segundo Garisto, “só havia uma máquina de raios-x no Porto de Santos, que está quebrada. Mesmo quando funcionava, essa máquina só pegava em amostragem, para análise, um container a cada lote de 100 containeres. Aquilo já era um queijo suíço, mas agora virou uma gigante coalhada. E na Baía de Guanabara, por onde passam esses navios que chegam a Santos, são deixados os carregamentos de armas para os morros. Falta gente ali para operar os botes da PF”.

 

O segundo ponto do dossiê de Garisto sustenta que agora o Uruguai ocupou o lugar do Paraguai no tráfico de armas para o Brasil. O terceiro mostra como o Primeiro Comando da Capital, o PCC, entrou no tráfico de armas para poder se manter.

 

O quarto e quinto pontos do dossiê são sugestões: o policial federal indica a criação de uma Força Tarefa de Inteligência, composta por membros das polícias federal, civil e militar, de todo o Brasil. Para centralizar a contra-informação colhida sobre o crime organizado.

 

No quinto ponto, Garisto propõe que se crie o “trabalho premiado”, pelo qual a Justiça reduziria a pena do condenado que, dentro do sistema penal, se infiltrasse em grupos de crime organizado para poder repassar às autoridades informações sobre as movimentações e planos dos bandidos.

 

O presidente da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), pediu a convocação de Garisto sustentando que ele é, hoje, “um dos maiores especialistas em segurança pública do Brasil e que seu pronunciamento poderia ajudar em muito a CPI na sua missão precípua de traçar metas e planejamentos para o efetivo combate ao tráfico de armas no país”.

por Claudio Julio Tognolli

Revista Consultor Jurídico, 5 de junho de 2006.