Delegado não diz quem é o mais recente envolvido, que teria trocado telefonemas com um dos petistas

A Polícia Federal suspeita que “uma pessoa conhecida”, além dos sete petistas já identificados, possa ter participado, ainda que indiretamente, da compra do dossiê contra tucanos. Ontem, o superintendente da PF em Mato Grosso, delegado Daniel Lorenz, disse que essa pessoa conhecida recebeu um telefonema e retornou a ligação para um dos petistas envolvidos no escândalo. Segundo Lorenz, as duas ligações telefônicas, feitas de telefone fixo, despertaram a atenção da PF.

— Essa pessoa recebeu uma ligação e ligou de volta. Pode não ser nada, ou somente uma coincidência. Porém, como a polícia não trabalha com coincidências, mas com fatos, vamos investigar — disse.

A PF adiou para hoje a entrega à Justiça Federal do relatório parcial sobre as investigações da compra do dossiê. Sete petistas já foram citados: Hamilton Lacerda, ex-coordenador de comunicação da campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo; Gedimar Passos, ex-policial federal; Jorge Lorenzetti, ex-responsável pelo setor de inteligência do comitê eleitoral de Lula; Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho; Expedito Afonso Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil; Valdebran Padilha, ex-arrecadador de recursos para a campanha do PT em Mato Grosso; e Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Lula.

Lorenz disse que a PF trabalha no cruzamento das informações telefônicas que tiveram o sigilo quebrado pela Justiça. São mais de 800 números. O levantamento abrangeu, no início, o período de 15 de agosto a 15 de setembro, quando os petistas foram presos com R$1,7 milhão. Agora o foco foi ajustado para horas próximas à prisão dos envolvidos e momentos logo posteriores.

Lorenz explicou que o trabalho da PF se concentra em verificar o número de ligações para determinados locais. Chamou a atenção o fato de o telefone da “pessoa conhecida”, como ele classificou, receber uma chamada e ligar de volta para um dos envolvidos nos momentos próximos à prisão.

Lorenz se recusou a dar uma pista sobre o suspeito. Não disse se era político, ligado a algum partido, funcionário público ou empresário. Disse apenas que, pelas investigações, acredita-se que essa “pessoa conhecida” não seria a provedora dos recursos para a compra do dossiê, mas, a se comprovar sua atuação, poderia ter participado do esquema.

Ligações de telefones públicos são investigadas

A PF também tem se concentrado nas ligações feitas de telefones públicos.

— Pode não ser nada, mas pode ser uma maneira de tentar revestir as ligações de segurança, principalmente se ocorreram depois do evento criminoso – declarou.

Citado por Oswaldo Bargas como conhecedor do dossiê, o presidente licenciado do PT, deputado Ricardo Berzoini, foi ouvido pela Polícia Federal esta semana, em Brasília. Ele negou qualquer participação no esquema. Durante a semana, Lula disse, em entrevista, que Berzoini fora desligado da coordenação de sua campanha porque não explicou “a burrice do dossiê”.

A PF também pretende ouvir o senador Aloizio Mercadante, que supostamente seria o maior beneficiário do dossiê, uma vez que os documentos atingiriam o adversário do petista em São Paulo, José Serra.

O Globo