O ministro da Justiça está zangado. Em reunião com os representantes das entidades que integram o Mude PF (SINPECPF, ADPF e APCF) nesta sexta (3), José Eduardo Cardozo adotou tom mais grave que o habitual e deixou transparecer irritação com as recorrentes manifestações de insatisfação dos servidores da PF. Ele afirma que deseja resolver os problemas, mas sustenta que precisa de consenso entre as categorias para fechar uma pauta única de reivindicações. “Não vou trabalhar para resolver o problema de um para depois ter de resolver o dos outros”.

De acordo com o ministro, a sociedade enxerga a PF como um todo. Então, na avaliação dele, enquanto uma categoria estiver insatisfeita, a população verá insatisfação em todo o órgão. Ele entende ainda que, do ponto de vista político, é mais fácil defender um conjunto de reivindicações que interceder por diversos pleitos separadamente.

A presidente Leilane Ribeiro de Oliveira lembrou que a reestruturação da carreira administrativa já é consenso entre as demais categorias da PF e que por isso já poderia ser encaminhada para o Congresso sem a necessidade de ratificação de apoio por parte dos policiais. Cardozo, contudo, mostrou-se irredutível. “Eu apoio o pleito de vocês, mas resolver o problema dos administrativos não vai por fim aos protestos das demais categorias”, avaliou, reforçando sua política ‘oito ou oitenta’.

Diante da postura intransigente do MJ, o SINPECPF buscará intermediar reunião com as demais entidades de classe da PF na semana que vem. “Não temos alternativa. Nossa reestruturação foi injustamente colocada no meio de um fogo cruzado e vamos agora buscar o diálogo”, adianta Leilane.

Fronteiras – Outro pleito que é consenso é a indenização para servidores que atuam em áreas de fronteira. O texto do projeto foi remetido ao Congresso Nacional nessa sexta-feira e prevê o pagamento de R$ 91,00 por dia de trabalho em região de fronteira ou considerada estratégica. As localidades abrangidas, contudo, só serão definidas por decreto presidencial após o projeto ser aprovado pelos parlamentares.

Os representantes classistas solicitaram que o ministro trabalhe para que o benefício atinja o maior número possível de profissionais que atuam em regiões de difícil provimento. Fonte de dentro do governo sustenta que a intenção do Executivo é excluir todas as capitais do benefício, algo que o SINPECPF é contra.

GDATPF – A presidente também cobrou do ministro uma solução para a decisão que obriga o servidor a buscar cursos de capacitação para receber 10 dos 100 pontos relativos à gratificação de desempenho (GDATPF). “Houve um compromisso na última reunião e ele não foi honrado”, lembrou.

Cardozo afirmou que a questão só não foi resolvida porque estava em férias. “Irei solucionar isso”, afirmou, convocando seu assessor especial, Marcelo Veiga, para tratar do caso. Veiga recebeu das mãos da presidente Leilane documento detalhando todo o problema e foi cobrado para que a questão seja rapidamente solucionada.

Nova assembleia – Diante da nova conjectura – greve de policiais, postura do Ministério da Justiça, leniência do Ministério do Planejamento – o SINPECPF irá convocar nova Assembleia Geral Extraordinária nos próximos dias para debater que passos a categoria deve tomar agora. Portanto, fique atento ao site do sindicato e compareça.