Visando retificar a reportagem veiculada pelo Portal G1 intitulada “Governo quer instituir meritocracia como critério para reajuste do servidor público”, o SinpecPF — sindicato que representa os servidores administrativos da Polícia Federal — esclarece inexistir hierarquia formal entre os cargos policiais e administrativos do órgão.

Ao contrário do que sugere a referida matéria, a hierarquia na PF decorre da organização estrutural do órgão. Há postos de chefia — alguns dos quais ocupados por servidores administrativos. Em tais setores, administrativos chegam a comandar policiais.

O esclarecimento se faz necessário porque, em trecho da matéria assinada pela jornalista Cristiana Lôbo, é dito que “a responsabilidade pelo passaporte é da Polícia Federal, mas muitos dos atendentes são terceirizados ou de hierarquia inferior e não agentes ou delegados da PF.”

Uma vez que o serviço de emissão dos passaportes é realizado majoritariamente por servidores administrativos, a reportagem acaba induzindo ao raciocínio de que a categoria se subordina aos cargos policiais — erro crasso! “A PF não possui estrutura militarizada. Um policial só pode dar ordens a um servidor administrativo quando for seu chefe. E a chefia não decorre de cargo, mas de função”, reforça o presidente do SinpecPF, João Luis Rodrigues Nunes.

Como a reportagem relata conversa entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e membros de sua equipe, não se sabe se o mal formulado exemplo é fruto de desconhecimento por parte da jornalista ou dos técnicos do governo. Sendo esse o último caso, a situação se agrava, pois se espera que os responsáveis pela condução de políticas de recursos humanos na Administração Pública tenham um mínimo de conhecimento acerca das regras que regem a mesma.

Outro erro contido na reportagem é de total responsabilidade da Administração Pública: trata-se da terceirização da emissão de passaporte, atividade típica de estado, que deveria ser prestada exclusivamente por servidores, como pressupõe a lei. Ao longo dos anos, o sindicato tem produzido reiteradas denúncias sobre tais práticas aos órgãos de fiscalização competente. Tendo em vista que o problema segue existindo — apesar de inúmeras decisões condenando a terceirização —, o sindicato reforçará as queixas.