Em tempos em que autoridades governamentais difamam o funcionalismo em entrevistas e declarações, é reconfortante ver órgãos públicos homenageando antigos colaboradores. Aconteceu recentemente com o colega administrador Josias Rodrigues Alves, que semana passada recebeu a Medalha do Mérito Policial Militar em solenidade pelo 40º aniversário do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Sergipe (PMSE), em Aracaju/SE.

A honraria é fruto dos serviços prestados à PMSE pelo colega na época em servia no 28º Batalhão de Caçadores na cidade de Aracaju, quando exerceu o cargo de tenente de infantaria do Exército Brasileiro. “Servi ao Exército por quatro anos e dentre as inúmeras atividades e atribuições, fui oficial de tiro por quase dois anos, sendo o responsável pelas instalações do Estande de Tiro, organização dos treinamentos de tiro dos recrutas e dos militares profissionais, e apoiando outras organizações da área de segurança pública que lá faziam seus treinamentos”, recorda Josias.

Os bons serviços prestados à época garantiram que Josias fosse indicado, de forma unânime, pela Comissão Permanente de Medalhas da PMSE para o recebimento da homenagem. “Foi muito gratificante ter esse reconhecimento e poder rememorar ‘os velhos tempos de caserna’”, revela o colega. “Quando a PMSE tinha algum curso de formação policial militar, sempre utilizava o estande do qual eu era o responsável. Era um período de muito trabalho, mas sentia-me gratificado com a possibilidade de poder auxiliar na formação de inúmeros profissionais”, recorda.

Paulistano de berço, Josias se mudou com a família para Aracaju na adolescência. A vida profissional começou cedo, como músico, na Banda de Música da Prefeitura de Aracaju, em paralelo aos dias de estudante secundarista. Posteriormente vieram o ingresso na universidade, para a formação acadêmica em Administração, a prestação do serviço militar, no Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva, e a convocação para servir como oficial. Já em 1998, ele se mudou para Brasília para voltar ao Exército, agora para servir no Comando de Operações Terrestres (COTER), no Quartel-General do Exército, onde ficou por mais três anos. Nessa época, o colega decidiu se dedicar aos concursos públicos, tendo tido passagens pela Radiobrás e Infraero antes de ingressar na Polícia Federal em 2005.

Josias conta que a opção pela PF se deu em função dos rumores de que a criação do PECPF transformaria a categoria administrativa em uma nova e promissora carreira. “Já naquela época falava-se em reestruturação e na transformação de cargos para Analistas e Técnicos”, recorda-se. Infelizmente, o que aconteceu foi “uma triste história que todos conhecem”, lamenta o colega.

Testemunha de vários processos negociais — tendo inclusive participado, em 2007, do Grupo de Trabalhos Técnicos do então Ministério do Planejamento, que visava formatar a reestruturação da carreira —, Josias reconhece que o sindicato tem trabalhado incansavelmente em prol de melhorias e se abstém de indicar culpados para o insucesso das tratativas do passado. Entretanto, ele parafraseia o ex-Presidente Jânio Quadros ao asseverar que “tudo o que tiver que acontecer será por ‘forças ocultas’, que possam atuar nas cúpulas dos órgãos governamentais, isto é, algo deve chegar na Presidência da República, por intermédio do atual Ministério da Economia, sob as bênçãos do Ministério da Justiça e Segurança Pública, com o intencional, ardoroso e fervoroso desejo da PF”. Em síntese, o colega entende que falta o comprometimento total de alguém com poder decisório para que as demandas saiam do papel e complementa que “fora isso, tudo o que teremos serão ‘colóquios flácidos para acalentar bovinos’”, a boa e velha ‘história para boi dormir’.

As frustrações com as promessas não cumpridas de valorização do PECPF não impediram Josias de viver bons momentos na PF. “Tenho alguns princípios cristãos, familiares e profissionais que facilitaram o meu desempenho profissional até agora”, revela o colega, citando uma passagem bíblica como elemento motivacional: “‘Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens’ (Colossenses 3:23 – NVI). Assim procuro pautar minha forma de trabalho, independentemente de onde e com quem esteja”, explica. Também fez questão de lembrar que o pai, um mecânico, que concedeu inúmeros exemplos de como se comportar em um ambiente laboral. “Como Administrador, sou cônscio de que todas organizações são formadas por pessoas que, por sua vez, ditam o clima e a cultura organizacional”. Em suma, Josias diz procurar “ignorar a ação dos incautos e me subsidiar com quem tem conteúdo agregador, independente do cargo e/ou função que ocupe”.

O colega define a PF como uma instituição complexa, afirmando admirar muito as atividades desenvolvidas por algumas áreas da atividade-fim. Já na área administrativa, conta ter participado de algumas “ilhas de excelência”, onde colegas (chefias e subordinados), numa visão holística, atuavam em sinergia, citando como exemplo “a distribuição das primeiras Pistolas Glock, onde, junto com o pessoal da então DPP/CPLAM/DLOG, ele criou planilha no Excel para facilitar o controle da distribuição, em nível nacional. Josias também relembrou sua atuação como gerente da logística do Projeto PROMOTEC. Como ocorre com todas as organizações, destacou que há pontos positivos e pontos passível de melhorias, entre as quais, a própria reestruturação do PECPF.

Ao traçar um paralelo entre a PF e os outros locais onde trabalhou, Josias afirmou que “cada instituição tem algo que lhe é muito peculiar: seus colaboradores”. Na visão do colega, eles são os responsáveis pelo clima organizacional e, no médio/longo prazo, forjam a cultura organizacional de cada órgão. Para Josias, se comparada com instituições com mais de um século de existência, como o Exército e as Polícias Militares, a PF pode ser considerada uma organização jovem. Entretanto, ele ressalta que “a constante realização de ‘benchmarking’ nunca será demais, pois sempre, em algum lugar (inclusive na própria PF), haverá uma cabeça pensante que poderá propor algo inusitado e inovador, que aprimorará o serviço público e, consequentemente, melhorará a prestação do serviço ao cidadão”.