O Diário Oficial da União da última quarta-feira (17) trouxe uma excelente notícia para a categoria administrativa. Após nove anos e meio, a Coordenação-Geral de Administração (CGAD — antiga COAD) voltará a ser chefiada por um servidor do PECPF. Trata-se do agente administrativo Luis Roberto Machado Barboza, que até então ocupava a chefia do Serviço de Logística (Selog) da Superintendência Regional da Paraíba.

A designação do colega Luis Roberto merece comemoração. Há quase dez anos, a CGAD — um setor claramente administrativo — vinha sendo comandada por policiais federais. A última servidora administrativa a ocupar o posto foi a agente administrativa Neiva Gomes Moreira, exonerada da função em 31 de dezembro de 2009.

Em que pese a inegável competência dos policiais que passaram pelo comando da CGAD, a quebra desse ciclo representa um retorno à “normalidade” para o setor. Passa também um recado importantíssimo: os servidores administrativos também são capazes de assumir postos no alto escalão.

Em uma breve entrevista à reportagem do SinpecPF, Luís Roberto falou sobre suas expectativas para este novo capítulo de sua carreira.

SinpecPF: Qual sua expectativa para este novo desafio em sua carreira?

Luís Roberto: Minhas expectativas são as melhores possíveis, mesmo sabendo que, dentre os mais diversos desafios que já enfrentei ao longo de 36 anos de serviço público, este é um dos maiores.

Tenho a convicção de que, apesar das dificuldades inerentes à função, esta oportunidade pode gerar muitos resultados positivos para a instituição e para os servidores que fazem a PF.

Mesmo sendo um setor administrativo, a CGAD vinha sendo chefiada por policiais há quase dez anos. Isso aumenta a sua responsabilidade?

Evidente que, de certa forma, isto traz uma maior responsabilidade para este servidor, mas também se traduz em uma grande oportunidade de demonstrar a capacidade dos servidores administrativos e sua importância para a PF.

Entendo que, devido ao longo período em que a Coordenação de Administração, recentemente transformada em Coordenação-Geral de Administração, esteve comandada por servidores policiais, é natural que haja, principalmente por parte dos integrantes da carreira administrativa, uma maior expectativa em relação a esta gestão.

Contudo, considero que a PF é uma só, apesar de seu corpo funcional ser composto por diversas carreiras, assim como ocorre em vários outros órgãos.

O que acha que deve ser feito para que mais chefias sejam ocupadas por servidores administrativos?

Acredito que as competências individuais devem ser mapeadas, o que já tem sido feito por parte dos atuais Gestores da Polícia Federal, a fim de que o capital intelectual à disposição seja melhor aproveitado, que os servidores possam dar uma melhor contribuição à instituição da qual são parte integrante e, consequentemente, que se sintam mais realizados.

Aliado a isto, os servidores administrativos devem buscar se preparar para ocupar posições estratégicas na PF, não se eximindo de aceitar os desafios que se apresentam no decorrer da carreira.

Importante salientar que, recentemente a Administração da PF deu um passo importante para a valorização dos servidores administrativos com a criação de diversas funções comissionadas que atenderam, em sua maioria, as unidades descentralizadas. Com certeza ainda não é o ideal, mas é um primeiro passo no sentido de melhorar a estrutura organizacional da instituição e de proporcionar que servidores administrativos ocupem posições de destaque na gestão das unidades.

Como forma de inspiração, deixo aqui o seguinte pensamento:

“A vida é cheia de términos e novos começos. A cada curva há algo que nos desafia, seja o novo, formidável, ou simplesmente o familiar. O que para uns é uma montanha intransponível, para outros é um desafio a vencer. O que se torna sombrio para alguns, ainda permanece iluminado para outros. Os otimistas veem o caminho à frente, os pessimistas ficam tão ocupados em olhar para trás que não conseguem ver a solução bem diante deles. Se ficarmos segurando a corda que nos arrasta para trás não teremos mãos livres para agarrar a corda que nos puxa para frente…” (Brahma Kumaris)

Resumo da carreira — Luís Roberto ingressou na PF em maio de 1984. No órgão, destacou-se nas áreas de administração, logística e execução orçamentária. Trabalhou no Edifício Sede até 1995, quando foi removido para a Superintendência Regional de Pernambuco, onde chegou a comandar o Selog e o Núcleo de Execução Orçamentária e Financeira (Neof).

O bom trabalho garantiu convite para exercer a função de Coordenador de Acompanhamento de Convênios da Coordenação-Geral de Fiscalização da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp/MJSP) entre junho de 2008 e outubro de 2010. De lá, o colega saiu para a Agência Nacional de Saúde Suplementar, onde ocupou os postos de Gerente de Licitações e Contratos e Gerente Geral de Administração e Finanças substituto.

Em julho de 2015, Luís Roberto regressou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública para atuar na Secretaria Extraordinária de Segurança para os Grandes Eventos (Sesge/MJSP), onde exerceu a função de Assessor do Diretor de Administração. Em dezembro de 2017, retornou à PF para assumir a chefia da Selog da Superintendência Regional da Paraíba, onde ficou até a designação para a CGAD.