Em campanha no CE, senadora faz críticas a Lula

A senadora Heloísa Helena, candidata do PSOL à Presidência, resumiu ontem em duas palavras o entusiasmo com a melhora nas pesquisas: “Virei candidata.” Ela cumpriu extensa agenda no Ceará, comemorando o salto de 6% para 10% das intenções de voto pelo Datafolha. Heloísa fez campanha das 8h às 22h, passando por quatro cidades – Fortaleza, Juazeiro do Norte, Barbalha e Crato. E já tinha compromisso marcado para as 6h de hoje, quando participará de missa em homenagem ao Padre Cícero.

Nas entrevistas, a senadora atacou seguidamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – a quem chamou de “sua majestade barbuda” – e o tucano Geraldo Alckmin. “Nossos adversários políticos são capazes de tudo, sei que são capazes de roubar ou matar. Só espero que tenham um pouco de paciência democrática com nosso crescimento”, disse, em Fortaleza.

Ela atribuiu a melhora na pesquisa à “parte importante do povo brasileiro que não tolera o banditismo político e a corrupção”. E adiantou sua nova estratégia: “Se cada um dos nossos eleitores conseguir mais dois votos, nós passamos o Alckmin e vamos para o segundo turno. Só dois votinhos.”

No centro da capital cearense, cerca de 50 militantes do PSOL, alguns com trajes indígenas, fizeram barulhenta caminhada, com batucada, bandeiras e gritos exaltando a coerência da senadora. Como chamavam muito a atenção, foram instruídos a ficar atrás para não tirar a candidata da mira de fotógrafos e cinegrafistas.

A caminhada acabou na Praça do Ferreira, onde Heloísa discursou para 100 pessoas num palanque improvisado: uma pequena pedra de concreto. Os discursos miraram o governo Lula, com lembranças ao mensalão e aos escândalos dos sanguessugas e dos dólares na cueca.

Heloísa disse que Lula e Alckmin são “dois homenzinhos muito poderosos”, apresentando-se como candidata do povo, com campanha modesta. “Estou aqui como uma filha do Nordeste, que acredita que o Nordeste não é curral eleitoral de ninguém. Não vim para apresentar migalhas, mas iniciativas concretas.”

Ela atacou outra aposta de Lula nas eleições, o Bolsa-Família, e prometeu reestruturá-lo. Como está, disse repetidas vezes, o projeto “joga meninas e meninos na prostituição, no narcotráfico e na criminalidade”. E alfinetou: “É uma esmola que perpetua a pobreza.”

A senadora seguiu de Fortaleza para Juazeiro do Norte em avião de carreira. Uma carreata foi formada para ir a Barbalha, a 22 quilômetros do local. A senadora inaugurou o comitê do partido na pequena cidade de 47 mil habitantes.

“Alguns ministros, ao invés de agir como homens, se portam como empregadinhos do Lula mentindo para a população”, discursou, alegando que Tarso Genro teria dito que ela extinguiria o Bolsa-Família.

À noite, senadora visitou exposição agropecuária em Crato. Os militantes já mostravam sinais de cansaço – só 15 a acompanhavam. Ela, porém, deu duas voltas no local, sem parar de cumprimentar eleitores.

Rodrigo Pereira  / O Estado de S. Paulo