A valorização dos servidores administrativos da Polícia Federal voltou a dominar os debates promovidos pela Comissão Especial que analisa o projeto de Lei Orgânica da PF. Durante as audiências públicas da última terça-feira (24), os parlamentares presentes questionaram os representantes da classe policial acerca das demandas enfrentadas pela Polícia Federal em sua atividade meio.

Para o presidente do Sindicato dos Policiais Federais na Paraíba, Sílvio Reis Santiago, os servidores do PECPF estão ficando desmotivados devido à falta de valorização da carreira e à constante substituição por servidores policiais e terceirizados. “Na Paraíba, metade dos servidores administrativos do último concurso já deixaram a PF”, revelou. Segundo Santiago, a Lei Orgânica ideal seria aquela que contemple todas as categorias, servidores do PECPF inclusos, pois cada servidor possui papel importante no bom desempenho das atividades da PF como um todo.

O presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Rio Grande do Sul,  Paulo Renato Silva Paes, ironizou a imagem de perfeccionismo ostentada pela PF. “A Administração vende uma imagem que não existe na prática. Não somos o FBI brasileiro, como nossos diretores gostam de dizer”. Entre os problemas institucionais apontados por Paes, estava a desvalorização do PECPF, que possui um quadro extremamente competente, mas vê suas funções cada vez mais ficarem a cargo de servidores policiais, mediante desvios de função motivados pelo corporativismo.

O deputado Paulo Pimenta (PT/RS) afirmou que a Lei Orgânica deve prever limites para a atuação de servidores terceirizados dentro da PF. “Devemos definir as atribuições dos servidores do PECPF na Lei Orgânica, de modo a coibir esses abusos”.

O deputado Luiz Couto (PT/PB), que presidiu a reunião de ontem, também manifestou preocupação com as demandas da carreira administrativa, reforçando a importância de que a Lei Orgânica trate do tema.

Por fim, para responder às indagações de seus colegas parlamentares, o relator do projeto de lei, deputado Laerte Bessa (PSC/DF), assegurou que trabalhará em um texto que fortaleça a atividade administrativa na PF. “Essa é uma das minhas prioridades como relator”, garantiu.