A terceirização não para de gerar problemas para a Polícia Federal. Desta vez, é a Superintendência Regional de Minas Gerais quem está pagando o preço pela política de privatização de serviços. Entre os meses de setembro e novembro, a Universo Ltda., empresa contratada para prestação de serviços de recepção e de telefonista, deixou de honrar com o pagamento de salários e auxílios a seus 96 funcionários.

Por não ter como arcar com gastos em alimentação e transporte, parte dos terceirizados abandonou seus postos de trabalho após os atrasos, deixando em colapso as atividades que vinham desempenhando. Vale lembrar que, embora sejam contratados como recepcionistas e telefonistas, parte destes funcionários está desviada de função para cobrir a carência de servidores administrativos enfrentada pela instituição.

Alguns dos profissionais prejudicados já ingressaram na justiça requerendo que a Polícia Federal responda subsidiariamente pelos atrasos. A SR/MG afirma, por sua vez, estar isenta de qualquer responsabilidade, enaltecendo o trabalho desempenhado pelos fiscais do contrato, que acompanharam rigorosamente o processo, tendo inclusive aplicado diversas advertências e multas à Universo.

Diante do quadro, a SR/MG também ajuizou Ação Civil Pública contra a Universo, em trâmite na 36ª Vara do Trabalho, na qual pleiteia o pagamento dos salários atrasados e dos auxílios transporte e alimentação, bem como verbas rescisórias decorrentes do encerramento do contrato.

Em razão da má condução do contrato, a Universo foi punida com o impedimento de licitar e contratar com a Administração Pública pelo prazo de quatro anos, além de ter sido descredenciada do SICAF (Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores) por igual período. 

No intuito de dar continuidade aos serviços, a SR/MG contratou a empresa Inova Tecnologia Ltda, para prestação de serviços de recepcionista e a empresa Rio Minas Ltda. para os serviços de telefonista.

Todo o episódio é mais uma amostra da urgência com que a Polícia Federal necessita reestruturar a carreira administrativa para reduzir a dependência do serviço terceirizado. Para conhecimento, o valor total dos contratos mantidos com a Universo chegava a três milhões de reais por ano, dinheiro que poderia muito bem ser destinado à contratação de servidores concursados.