A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira, dia 28, uma cerimônia para comemorar o seu 64º aniversário. O evento aconteceu às 9h no Edifício Sede da entidade e contou com a presença do Vice-Presidente da República, José Alencar; do Ministro da Justiça, Tarso Genro; do Presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio; e do Diretor-Geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa. 

Na solenidade, o Diretor-Geral da PF entregou ao Ministro da Justiça o Plano Estratégico da Polícia Federal até o ano de 2022. O documento, elaborado por servidores da instituição em todo o país, analisou os possíveis cenários para os próximos 15 anos e deverá servir de base para o aperfeiçoamento da gestão da Polícia Federal.   

Selo comemorativo – Os Correios marcaram a data lançando o selo personalizado e o carimbo comemorativo alusivos aos 64 anos da Polícia Federal. O selo e o carimbo mostram imagens do prédio da Superintendência Regional da PF em Mato Grosso do Sul, local originalmente previsto para a cerimônia de lançamento. 

O aniversário da Polícia Federal é comemorado no dia 28 de março pois nesta data, em 1944, foi editado um Decreto que transformou a Polícia Civil do Distrito Federal no Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP). A partir de 1967, a instituição passou a chamar-se Departamento de Polícia Federal. 

Confira, abaixo, a íntegra do discurso do Diretor-Geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa, durante a solenidade:

“O estado quando cria uma instituição se socorre das instituições pré-existentes, já consagradas, para impulsionar a que nasce. A Polícia Federal foi conduzida nos seus primórdios até meados da década de 80 por integrantes do glorioso Exército Brasileiro. 

Este ciclo se rompeu com a indicação do Dr. Romeu Tuma, no ano de 1985. Um civil policial, delegado de polícia, profissional da área. Eram os sinais de que a Polícia Federal apresentava os valores fundamentais consolidados e criaria uma identidade própria. 

A direção do Dr. Vicente Chelotti veio para consolidar a capacidade de a instituição ser conduzida pelos seus próprios integrantes e, como ocorrido em 1972, promover concursos que permitiram a renovação dos quadros e uma injeção de sangue novo. Marcou, também, essa administração o início de um processo de modernização através do ambicioso projeto Promotec/Pro-Amazônia. 

As administrações seguintes, Dr. Agilio Monteiro e Dr. Armando Possa, deram continuidade aos projetos e consolidaram a capacidade de auto-gestão do Departamento de Polícia Federal, consagrando o princípio da continuidade administrativa. 

A administração do Dr. Paulo Lacerda colheu os frutos das administrações anteriores, principalmente no tocante ao renovado quadro de servidores que no ano de 2003, início de sua gestão, estava atingindo a maturidade profissional. A gestão do Dr. Paulo, com essa massa crítica qualificada composta pelo quadro experiente acrescido dos novos policiais, impulsionou o maior avanço institucional da história da Polícia Federal. Reestruturou os órgãos centrais permitindo a elaboração de novas estratégias de atuação e dotando a instituição de capacidade de enfrentamento da criminalidade organizada e de alcançar certos delinqüentes e delitos até então fora do alcance do poder repressivo do Estado brasileiro.  

Cabe destacar, que ao longo desse período, a antiga Divisão de Repressão a Entorpecentes teve um papel importante, pois atuava como uma ilha de excelência empregando técnicas modernas de investigação que foram disseminadas por toda a instituição. Esta Divisão foi liderada por expoentes como Dr. Hugo Povoa; Dr. Cavalheiro e ultimamente pelo Dr. Getúlio Bezerra e integrada por policias que tornaram-na uma referência.  

Todos esses dirigentes que marcaram a história da Polícia Federal, como de resto o Estado brasileiro, por questões de contingências e urgências, atuaram, via de regra, de forma reativa, até porque o estágio da evolução assim o permitia.  

Hoje dada a evolução do conhecimento, tecnológica, das comunicações, da globalização, exige-se dos gestores a substituição da reatividade possível de então pela pró-atividade necessária.  

A atual direção, ciente do momento histórico do DPF, do compromisso institucional de continuidade administrativa, tratou de promover a atualização de cenários tendo como horizonte o ano histórico de 2022, ano do bicentenário da independência do Brasil. 

Com essa medida busca, de forma pró-ativa, preparar a Polícia Federal para o futuro, visando agregar gestão à consagrada capacidade de investigação. 

O trabalho foi realizado ouvindo o público interno, através de representantes de todas as categorias de unidades descentralizadas e órgãos centrais, e ao mesmo tempo capacitando-os para a gestão do planejamento elaborado. 

Foram ouvidos representantes da sociedade, autoridades públicas e especialistas em diversas áreas do conhecimento.  

Os cenários possíveis vislumbrados por todos indicam que a Polícia Federal deve estar atenta e capacitada para enfrentar questões decorrentes da globalização e de um forte crescimento da economia brasileira, tais como evasão de divisas, movimentação de mercadorias, capitais e de pessoas. 

O Brasil sediará grandes eventos internacionais, dentre eles a Copa do Mundo de Futebol já definida para 2014, exigindo da Polícia Federal capacidade de segurança dos atletas, dirigentes, expectadores e turistas, bem como de um sistema de controle migratório moderno e eficiente.     

Os crimes cibernéticos, que hoje já indicam uma curva ascendente em decorrência de uma intensa inclusão digital, merecerão atenção especial haja vista a importância da tecnologia no dia-a-dia cidadão. 

A questão ambiental, mundialmente tratada, está na agenda de todo e qualquer cidadão de todos os lugares do planeta. Tendo o Brasil um patrimônio ambiental invejável e uma responsabilidade de preservação, exige uma adequação da capacidade da Polícia Federal enfrentar tal desafio. 

Para o atendimento do diagnóstico e enfrentamento dos cenários prováveis o Departamento de Polícia Federal terá que demonstrar capacidade de gestão e para isto está se preparando com uma série de medidas de caráter sistêmico, dentre elas, a título de exemplo: 

Descentralização – Nos últimos anos houve um acertado incremento nos órgãos centrais que permitiu fixar doutrinas e procedimentos. Hoje é condição para cumprir de forma adequada as missões constitucionais a descentralização da capacidade de gestão, de inteligência e operacional. 

Reestruturação da ANP – Para atender a formação profissional, atualização profissional (educação continuada) e pós-graduação lato sensu, visando a adequação dos efetivos, em quantidade e qualidade, às demandas dos próximos anos. E também ter a Academia Nacional de Polícia como centro de excelência no desenvolvimento humano dos profissionais de segurança pública e referencial de doutrina policial em defesa da sociedade. Gerando conhecimento necessário para lastrear as políticas públicas de segurança cidadã. 

Política de pessoal – Adequada para atender as diretrizes institucionais e as macro políticas de estado, tais como a priorização da Amazônia  e a proteção das fronteiras. Dentro desta linha algumas mediadas administrativas já foram antecipadas ao planejamento estratégico, como lotação de novos servidores prioritariamente nestas áreas; o encaminhamento ao ministro da Justiça de um estudo para a implantação de uma gratificação de zoneamento, orientação a DLOG para priorizar as obras e reformas nas unidades localizadas naquela região. 

Capacitação em gestão – Dotar os dirigentes em todos os níveis de administração de capacidade de planejamento e administração dos sistemas e macro processos da Polícia Federal de maneira permanente e flexível, a fim de adaptá-los com rapidez às novas metodologias gerencias e às evoluções de cenários. Para isso, os principais processos administrativos, operacionais e de polícia judiciária serão revistos visando racionalizá-los e evitar, assim, o re-trabalho entre órgãos centrais e entre estes e as unidades descentralizadas. 

O quadro de profissionais da Polícia Federal, delegados, peritos, agentes, escrivães, papiloscopistas e administrativos, de qualificação atestada pela sociedade brasileira, com índices de credibilidade e reconhecimento elevados, construíram, ano a ano, esses 64 anos de existência e de serviços prestados. 

A atuação destes profissionais, de geração em geração, sempre foi lastreada em princípios, os quais se consolidam com passar dos tempos, que são coragem, lealdade, patriotismo, probidade, ética e respeito aos direitos humanos. 

As gerações de hoje e do futuro têm o compromisso com todos os que nos antecederam e com a sociedade brasileira de consolidar os valores e realizar a visão de futuro da instituição que é tornar a Polícia Federal uma referência mundial em segurança pública”.  

Brasília, 28 de março de 2008.   
Luiz Fernando Corrêa
Diretor-Geral

(Foto: DCS/Pereira)