Após divulgar balanço positivo de seu Plano Estratégico de Fronteiras, lançado há um ano e meio, o Governo Federal está tendo de lidar com críticas disparadas por deputados que integram a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara. Os parlamentares avaliam que os avanços apresentados foram tímidos, criticando especialmente a falta investimento em pessoal e em tecnologia na região.

O SINPECPF irá aproveitar a oportunidade para reforçar junto aos parlamentares a visão de que o problema das fronteiras está intimamente ligado à inexistência de uma política de gestão eficiente para os servidores administrativos da Polícia Federal. A questão foi recentemente abordada pela presidente Leilane Ribeiro de Oliveira em artigo intitulado “Um basta à inversão de papeis na PF”.

O Brasil possui 16.886 quilômetros de fronteiras terrestres, o que naturalmente demanda grande contingente de policiais para patrulhamento da região. Contudo, uma leitura equivocada do problema está fazendo com que a Administração busque solucioná-lo apenas por meio da realização de novos concursos para a categoria policial. Omite-se o fato de que quase 50% do efetivo policial está hoje desviado de função, atuando em atividades administrativas (dado apontado pela Federação Nacional dos Policiais Federais – Fenapef) para compensar a falta de servidores administrativos enfrentada pela Polícia Federal.

Óbvio que a prática reflete diretamente no efetivo das fronteiras. Assim, a solução dos problemas na região passa obrigatoriamente pela reestruturação e consequente valorização da carreira administrativa, de modo a reduzir o êxodo desses profissionais e, com isso, os desvios de função de policiais. Este problema não pode mais ser ignorado pela Administração e nada melhor que contar com o apoio de parlamentares para cobrar ações efetivas neste sentido.