São falsos os boatos de que o projeto de correção da amplitude salarial do PECPF, hoje o principal pleito da categoria administrativa, teria regressado à Polícia Federal. A informação foi confirmada pelo SinpecPF nesta segunda-feira (5), durante reunião com a Direção-Geral da Polícia Federal.

Tal rumor ganhou força após o Ministério da Economia ter emitido diretrizes gerais contrárias à concessão de ajustes salariais ao funcionalismo. De acordo com a direção da PF, até o momento, tais orientações não afetaram a demanda do PECPF, que segue em análise pela equipe econômica. “Toda regra tem exceção”, lembrou o diretor-geral, Maurício Valeixo. “O impacto financeiro de nossa proposta é ínfimo em comparação com o ganho institucional que ela pode produzir, algo que estamos prontos para ressaltar”, frisou.

Mas as boas notícias param por aí: segundo Valeixo, caíram drasticamente as chances de que a proposta seja aprovada ainda em 2019. Isso porque a PF não recebeu, até o momento, nenhum retorno do Ministério da Economia sobre o conteúdo do projeto. Ao que tudo indica, as discussões acerca da Reforma da Previdência estão sobrestando a análise do tema.

Esclarecida a situação da proposta, o sindicato cobrou da Direção-Geral que essa cumpra a promessa de não “jogar a toalha” face às dificuldades econômicas. “Sabemos que a situação do país é sensível, mas a da categoria é ainda mais! Caso nada seja feito agora, a própria existência do PECPF estará comprometida”, alertou o presidente do SinpecPF, João Luis Rodrigues Nunes.

Vale lembrar que a PF já dispõe dos recursos financeiros necessários para a correção da amplitude salarial do PECPF. “O governo não precisará repassar mais dinheiro para a PF. Reajustamos nosso orçamento internamente para assegurar a possibilidade do reajuste”, destacou Valeixo.

Aglutinação com outras carreiras — Outra questão que tem preocupado a categoria são os rumores de que o Ministério da Economia estaria interessado em ressuscitar o modelo generalista de funcionalismo vigentes até o final do governo FHC. O formato ignora as especificidades de cada órgão pra privilegiar a movimentação dos servidores, como ocorria com os antigos PGPE e PCC.

Na avaliação do SinpecPF, o modelo entra em conflito com os desejos de valorização da categoria. “Realizamos uma série de atribuições diferenciadas, como controle migratório — fiscalização de ingresso de produtos químicos e de empresas de segurança privada —, para as quais tivemos de fazer diversos treinamentos específicos. Na iniciativa privada, cobra-se cada vez mais diferenciais dos profissionais, que precisam ter experiência nas respectivas áreas. É estranho que um governo pautado pelo mercado vá na contramão disso”, pondera João.

Na avaliação do sindicato, a ideia central por trás do retorno do ‘carreirão’ é achatar ainda mais os salários dos servidores. “É algo péssimo para quem é diferenciado e que sustenta sua luta por melhoria salarial nisso”, avalia o diretor-jurídico, Cícero Radimarque. Vale ressaltar que nenhuma proposta formal nesse sentido foi apresentada pelo governo até o momento.