O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa a negociar a reforma ministerial a partir de 1º de fevereiro, segundo o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. Ele disse que o objetivo do presidente, ao definir essa data, é analisar a repercussão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além de evitar que a escolha dos ministros seja entendida como uma intervenção nas relações políticas da Câmara. 

A declaração é uma referência às eleições para a presidência da Câmara, que acontecem no dia 1º de fevereiro. O presidente da Casa e candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), já acusou seu rival, Arlindo Chinaglia (PT-SP), de prometer vagas em ministérios para angariar votos – acusação que foi rebatida pelo petista. 

O ministro admitiu que o presidente já vem fazendo consultas diretas e indiretas para composição de seu ministério, mas destacou que ele não revela as suas escolhas. “A partir do dia 1º , ele começa a tratar da reforma ministerial. Não quero dizer que começará a fazer modificações no dia 2”, disse ele. Tarso acrescentou que o novo ministério pode não ser anunciado de uma só vez. 

Não é essa a expectativa dos aliados, que definiram a disputa pela Câmara como “o prazo de tolerância” para as mudanças. Lula continua fechado sobre as mudanças que deve fazer no ministério. O silêncio, no entanto, aflige aliados no Congresso, que temem que uma demora maior fragilize ainda mais a coalizão. 

“O ideal era que o presidente assumisse o mandato com o governo composto, mas não teve condições políticas para isso. Esperamos que a decisão saia logo depois da definição da presidência da Câmara”, afirmou o deputado Renato Casagrande (PSB-ES). 

Nem mesmo aliados tradicionais do governo, como PSB e PCdoB têm pistas sobre a reforma ministerial. Segundo um interlocutor destes partidos, até agora, o presidente não emitiu sinais sobre as mudanças que irá fazer, o que tem alimentado uma série de especulações. 

O Ministério da Agricultura, por exemplo, já tem três postulantes. O PP garante que o ministro será o deputado Odacir Zonta (SC). No PTB, a informação é que o deputado Nelson Marquezelli (SP) vai assumir a vaga. Já para o PMDB, Waldemir Moka (MS) será o novo ministro da Agricultura. 

Uma das poucas certezas entre os aliados é que o presidente Lula vai dar espaço privilegiado para o PMDB no seu segundo mandato. Um dos nomes do partido que terá espaço garantido, segundo governistas, é o deputado Delfim Netto (SP), que ficará sem mandato a partir de 1º de fevereiro. O pemedebista é cotado para assumir a presidência do BNDES, mas também pode ir para o Planejamento. Caso aceite a segunda opção, o ministro Paulo Bernardo, titular da pasta, seria deslocado para o BNDES. Neste caso, o PT – partido do ministro – sairia beneficiado

Valor Econômico

18/1/2007