A Polícia Federal deve pedir a quebra do sigilo telefônico do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu. Os investigadores querem ter acesso aos contatos feitos por ele no período de 15 de agosto a 15 de setembro. Dirceu entrou na mira da PF depois que a análise de 800 linhas telefônicas identificou contatos entre ele e Jorge Lorenzetti em 11 de setembro. Quatro dias depois a PF prendeu Gedimar Passos e Valdebran Padilha com o dinheiro para comprar o dossiê Vedoin.

A PF aponta Lorenzetti como um dos mentores da compra do dossiê, mas está convencida de que não é o número um da operação. “Falta identificar o mago”, disse um investigador. Pelo rastreamento preliminar, naquele dia 11 Lorenzetti ligou para um número fixo de Dirceu, que retornou menos de 3 horas depois. O ex-ministro assegura que a conversa não teve relação com o dossiê.

A PF agora quer resgatar o histórico de chamadas de Dirceu, por meio de autorização judicial. Mas o pedido à Justiça só deve ser encaminhado depois das eleições. “É temerário especular em cima de números que teriam surgido no rastreamento telefônico”, reagiu o advogado de Lorenzetti, Aldo Campos, apontando “onda de denuncismo”. Campos disse que Dirceu e seu cliente se encontraram em Brasília no fim de agosto para tratar da “conjuntura política”. “Não há nada a esconder.” Destacou ainda que a PF não se manifestou oficialmente sobre os contatos entre os dois.

Ele contou que entrou com ação contra o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), por dizer que Lorenzetti adquiriu US$ 150 mil numa casa de câmbio em Florianópolis para a compra do dossiê. “É fantasioso.” ? F.M. e S.F.

O Estado de S. Paulo