Telefone de casa de câmbio e orelhão de aeroporto estão entre os números

A Polícia Federal pediu ontem à Justiça Federal do Mato Grosso autorização para quebrar o sigilo telefônico de 650 linhas que podem ter relação com a origem do R$1,7 milhão apreendido com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha no Hotel Ibis em São Paulo. No total, a PF já solicitou a quebra do sigilo telefônico de 720 linhas. Entre elas, está a do telefone público próximo à casa de câmbio Confidence, no aeroporto de Florianópolis, em Santa Catarina.

Os policiais que participam da investigação suspeitam que possa ter vindo da Confidence parte dos US$248 mil que seriam usados para comprar do empresário Luiz Antônio Vedoin um dossiê contra os tucanos.

Os policiais têm dois indícios de que isso poderia ter acontecido. Do telefone público saiu uma ligação para um dos seis investigados dos quais a PF já tem os extratos telefônicos. Além de Gedimar e Valdebran, a PF investiga o ex-chefe do serviço de inteligência do PT Jorge Lorenzetti, que é de Santa Catarina; o ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso, o ex-assessor de Ricardo Berzoini (presidente licenciado do PT) Osvaldo Bargas, e o ex-assessor do presidente Lula Freud Godoy.

Ao quebrar o sigilo do telefone público, o objetivo da PF é descobrir se foram feitas outras ligações para algum dos outros envolvidos no caso daquele número. A rede de casas de câmbio Confidence, uma das maiores do país, também recebeu regularmente parte do lote de US$15 milhões do Banco Sofisa de onde saiu uma parcela de US$110 mil do dinheiro apreendido com os dois petistas, segundo a PF.

Casa de câmbio diz que operações foram legais

O departamento de inteligência da PF do Mato Grosso ainda analisa os dados referentes a quebra do sigilo telefônico de Hamilton Lacerda, ex-assessor de Aloizio Mercadante, candidato petista derrotado ao governo de São Paulo. Dependendo do que for encontrado nesta análise, podem ser feitos novos pedidos de quebra de sigilo.

Ontem, em nota enviada ao GLOBO, a Confidence afirmou que não participou de qualquer operação ilegal. “Informamos que no período investigado pela Polícia Federal compramos dólares do Banco Sofisa S/A, assim como fazemos diariamente durante os dez anos de existência da Confidence, não apenas do Sofisa, mas também de outros bancos, para atender as vendas efetuadas no varejo para clientes da corretora. (…) Todo o procedimento, tanto de compra junto ao banco, assim como a venda para nossos clientes foi feita de maneira segura e legal, atendendo totalmente as normas estipuladas pelo Banco Central e seguindo rigidamente as normas internas de Compliance”, diz a nota.

O diretor da Confidence, Valter Morais, informou ontem que as regras do BC impedem que a corretora venda dólares em espécie em lotes maiores de R$10 mil.

O Globo