A Polícia Federal deve ouvir na quinta-feira, em Cuiabá, o empresário Abel Pereira no inquérito que apura a compra superfaturada de ambulâncias. Em entrevista à revista “IstoÉ”, os empresários Darci e Luiz Antonio Vedoin – sócios da Planam e acusados de liderar a máfia sanguessuga – disseram que Abel intermediava em 2002 a liberação de emendas no Ministério da Saúde, apesar de não ter cargo no órgão.

Na época, o Ministério da Saúde era chefiado por Barjas Negri, hoje prefeito de Piracicaba. Barjas Negri ocupou o lugar de José Serra, que deixou o posto para disputar a Presidência. Segundo depoimentos do inquérito no qual a PF apura o caso do dossiê, Abel também teria tentado comprar os papéis, para evitar eventuais prejuízos à candidatura de Serra.

O empresário Abel Pereira disse na semana passada, por meio de sua assessoria jurídica, que “não procede” a afirmação de Luiz Antonio Vedoin à Justiça Federal em Cuiabá de que teria liberado R$ 3 milhões em 2002 em verbas do Ministério da Saúde após receber propina, na gestão de Barjas Negri.

De acordo com o advogado Sérgio Pannunzio, Abel esteve apenas uma vez no Ministério da Saúde, em 2002, para intermediar a liberação de verbas para a construção de um hospital em Jaciara (MT). O empresário disse que esteve no gabinete acompanhado pelo ex-prefeito da cidade, Valdizete Nogueira (PPS). Abel já havia dito, anteriormente, conhecer a família Vedoin e que já teve uma sociedade com Darci Vedoin em uma empresa de Jaciara.

Integrantes da CPI dos Sanguessugas devem retornar nesta semana a Cuiabá (MT) para se reunir com a Polícia Federal. O objetivo é buscar informações sobre os inquéritos da PF que apuram a compra superfaturada de ambulâncias e a tentativa de compra do dossiê antitucano por integrantes do PT.

O presidente da CPI, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), deve participar da comitiva da CPI que irá a Cuiabá. Segundo a CPI, a PF já teve acesso, por determinação judicial, aos cadastros de 750 números telefônicos que receberam ligações de Expedito Veloso, Gedimar Passos, Hamilton Lacerda, Jorge Lorenzetti, Oswaldo Bargas e Valdebran Padilha – acusados de negociar a suposta compra do dossiê. Entre esses números, estariam telefones de órgãos públicos. A Justiça Federal já determinou que os órgãos identificados indiquem os responsáveis e usuários das linhas.

Valor Econômico