Um mês depois das primeiras prisões da Operação Saúva, foi enviado ao Ministério Público Federal o inquérito da Polícia Federal com o indiciamento de 46 pessoas acusadas de participar de quadrilha que fraudava licitações públicas de gêneros alimentícios no Amazonas pelo menos nos últimos cinco anos. Até ontem, 17 pessoas continuavam presas na sede da PF e na Cadeia Vidal Pessoa, em Manaus.

No dia 11 de agosto, a operação prendeu 32 pessoas em seis Estados, entre empresários, funcionários públicos e militares. Segundo o relatório da polícia, outras 14 pessoas foram presas até o fim do mês passado – três militares, uma servidora da Secretaria Municipal de Educação, outra da Secretaria Municipal de Assistência Social, três funcionários da Secretaria Estadual de Educação, dois empresários paulistas e dois de seus empregados, além de Natanael Pereira Cordeiro e Lucimar Gomes da Silva, pais do suposto líder do esquema, Cristiano da Silva Cordeiro, preso no dia 11 de agosto.

O balanço foi divulgado pela PF na segunda-feira, em nota oficial. Segundo o levantamento, foram apreendidos 42 veículos, além de jóias, armas, cheques, dinheiro nacional e estrangeiro, num total que ultrapassa R$ 1 milhão. A assessoria da polícia informou que os valores foram depositados na Caixa Econômica Federal, onde estão à disposição da Justiça Federal.

De acordo com o delegado responsável pela ação, Jocenildo Cavalcante, foram reunidas mais de 2,5 mil folhas de documentos. O relatório, que está em um DVD com fotos, filmagens e outras provas, diz o seguinte: “Muitos desses documentos falsificados eram relativos à inspeção sanitária dos gêneros alimentícios comercializados. A perícia realizada em tais documentos confirma as falsificações através de colagens e montagens, principalmente nos campos das datas e de assinaturas, para propiciar a tiragem (sic) de fotocópia dos mesmos que seriam depois autenticadas para apresentação nas licitações.”

Ainda segundo o relatório, foram encontrados documentos – em papel e na memória de computadores – com anotações de valores vinculadas a alguns dos servidores investigados. Ao lado do nome do então secretário-executivo da Secretaria Estadual de Fazenda, Afonso Lobo Moraes, está apontado o valor de R$ 45 mil como suposto pagamento por ter colaborado na liberação indevida de alimentos. Também foi encontrado em um dos computadores da empresa Gold Distribuidora, de Cristiano Cordeiro, um arquivo contendo dados referentes ao gasto com passagem aérea em nome de Afonso Lobo.

Liege Albuquerque / O Estado de S. Paulo