Análise de imagens do circuito de TV mostram assessor de campanha do PT

Fontes da Polícia Federal, em Mato Grosso, revelaram que pela análise das fitas do circuito interno de TV do Hotel Íbis, foi identificado como sendo Hamilton Lacerda, ex-assessor de comunicação da campanha de Aloizio Mercadante ao governo do estado, o homem que foi ao hotel, em São Paulo, entregar o dinheiro que seria usado na compra do dossiê ao ex-agente Gedimar Passos. A identificação pode ser o indício que faltava para atestar que o dinheiro apreendido pela Polícia Federal em São Paulo seria mesmo do PT. O delegado da PF Diógenes Curado e o procurador da Reública Mário Lúcio Avelar vão a São Paulo para ouvir Lacerd, que na fita estava acompanhado de uma outra pessoa ainda não identificada. Os peritos estão analisando 31 DVDs com as imagens de oito câmeras do hotel em São Paulo. A perícia só deve ser oficialmente concluída em duas semanas.

A Justiça Federal de Cuiabá autorizou a quebra de sigilo das agências do Bradesco, BankBoston e Safra de onde podem ter sido sacados os reais levados ao hotel Íbis para que petistas comprassem dos Vedoin um dossiê contra políticos tucanos.

A PF fez ontem buscas a casas de câmbio e doleiros em São Paulo, com apreensões e depoimentos. O objetivo foi descobrir a origem dos dólares que seriam usados na compra do dossiê contra Serra. Do lote de US$248 mil, há US$114 mil em notas seriadas, o que pode facilitar a investigação sobre os sacadores do dinheiro.

A PF vai prosseguir com a busca a doleiros que possam ter trabalhado na intermediação dos dólares do Banco Sofisa para casas de câmbio. Hoje, o delegado Diógenes Curado e o procurador da República Mário Lúcio Avelar chegam a São Paulo para ouvir o ex-coordenador de campanha de Mercadante envolvido no caso.

A PF fotografou ontem o lote de US$240,8 mil apreendido com os petistas. As imagens serão enviadas ao FBI, a polícia federal americana, e ao Tesouro dos EUA para a confirmação da origem do dinheiro e do caminho que ele percorreu até chegar às mãos de Gedimar Passos, preso no dia 15 como um dos compradores dos documentos. A divulgação das imagens continua proibida, embora a PF distribua fotos de dinheiro apreendido em outras operações que fez no país.

Justiça de Mato Grosso mantém inquérito sob sigilo

As investigações são possíveis devido a um tratado de cooperação entre os dois países. Oficialmente, a PF negou que as buscas em casas de câmbio de São Paulo tenham como objetivo tentar localizar os sacadores dos dólares. O inquérito corre em segredo após determinação da Justiça do Mato Grosso, onde foram presos Luiz Antônio e Darci Vedoin.

Ontem, a PF havia preparado outra operação, mas ela foi abortada em razão da legislação eleitoral. O trabalho envolveria 200 agentes em São Paulo, mas o objetivo dos trabalhos é mantido em sigilo pela polícia. De acordo com a Lei Eleitoral, nenhum cidadão brasileiro pode ser preso desde o dia 26 de setembro até 3 de outubro, a não ser em flagrante delito.

O advogado Augusto de Arruda Botelho, que representa o ex-assessor da presidência Freud Godoy, vai enviar hoje à Justiça Federal de Mato Grosso um pedido de reconsideração da prisão de Freud. Segundo Botelho, não há motivo para a prisão já que Freud se mostrou disposto a colaborar desde que seu nome foi envolvido no escândalo:

– Freud sempre esteve à disposição da Justiça e sempre vai estar. É difícil para uma pessoa que está em casa esperando uma intimação da Justiça entender uma decisão dessas.

O Globo