Em depoimento, Expedito Veloso disse ter uma relação de pagamentos a Abel Pereira

A Polícia Federal tem indícios de que o ex-diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso usou o seu cargo na operação de montagem e compra do dossiê contra os tucanos. Em depoimento na última sexta-feira, em Brasília, Expedito contou que tinha em mãos uma relação de pagamentos feitos por empresas ligadas à máfia dos sanguessugas ao empresário Abel Pereira, que teria relação com Barjas Negri, que foi assessor de José Serra e ministro da Saúde no governo Fernando Henrique.

Expedito, que atuava como colaborador no comitê de campanha à reeleição de Lula, contou à PF que se reuniu quatro vezes com Luiz Antônio e Darci Vedoin, para negociar o material. E revelou que o pacote negociado pelo PT com os Vedoin envolvia apoio jurídico a eles em Brasília. O auxílio nos tribunais teria sido acertado pelo petista Jorge Lorenzetti.

Cópias de cheques repassados a revista

Expedito contou que o primeiro encontro com os Vedoin foi no dia 23 de agosto, em Cuiabá. Na terceira reunião, também na capital matogrossense, no dia 7 de setembro, Expedito teria usado as informações bancárias sobre Abel para chantagear os Vedoin, que chegou a pedir R$20 milhões pelo dossiê e naquela altura já havia reduzido a pedida para R$3 milhões.

O ex-diretor do BB disse que contou aos Vedoin que “tinha em sua posse a relação de pagamentos feitos a Abel ou em seu nome, e iria apresentá-los (os documentos) à Justiça de qualquer forma e, fazendo isso, os Vedoin perderiam o benefício da delação premiada (por esconder provas da Justiça)”. Expedito sustentava a versão de que, naquele momento, o PT não aceitava pagar pelo dossiê que supostamente envolveria com a máfia o tucano José Serra.

Na semana seguinte, cópias de cheques da empresa Klass Comércio e Representação, que comprometem Abel, foram repassados supostamente por Luiz Antônio e Darci Vedoin para a “IstoÉ”, que publicou também uma entrevista com os chefes da máfia acusado Serra de envolvimento com as fraudes.

Expedito contou que no dia 12 voltou a Cuiabá com Osvaldo Bargas e Ricardo Berzoini. Naquela noite, segundo ele, a equipe da “IstoÉ” instalou-se no mesmo hotel. Expedito contou que a entrevista com os Vedoin e a entrega dos documentos contra Abel se deu no dia seguinte. O ex-diretor do BB e Osvaldo Bargas acompanharam tudo.

O Globo