Com a ida do secretário nacional de segurança pública, Luis Fernando Corrêa, para o comando da Polícia Federal, a corporação passará por algumas alterações. A principal delas é que o perfil mais centralizador e bem menos discreto do que o do antecessor, Paulo Lacerda, amenizará as disputas internas que marcaram a instituição durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Isso porque, ao assumir o cargo, Corrêa deve levar consigo pessoas de sua confiança e remanejar os principais os ocupantes dos principais cargos da instituição: a diretoria-executiva, comandada por Zulmar Pimentel, e a diretoria de inteligência, chefiada por Renato da Porciúncula. 

Esses dois setores foram os que mais travaram disputas durante a gestão Lacerda, que, ao assumir descentralizou suas atribuições e delegou maiores poderes aos mais relevantes departamentos da PF. 

Com os prováveis remanejamentos que tende a fazer- os dois delegados devem ser transferidos para superintendências regionais- Corrêa deve deslocar para os cargos alguns integrantes da equipe com a qual costuma trabalhar, como o diretor do Departamento de Políticas, Programas e Projetos da Senasp, Robson Robin; o diretor do Departamento de Execução e Avaliação do Plano Nacional de Segurança Pública, Sidnei Borges Fidalgo; e o diretor do Departamento de Pesquisa, Análise da Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública, Ricardo Brisolla Balestreri, . 

O recentralização dos poderes da instituição é considerada pelas entidades da classe como o ponto mais relevante relevante na escolha de Corrêa. “Ele é muito bem relacionado. A nossa torcida é de que essa briguinhas acabem, elas só prejudicaram a instituição”, afirma Marcos Wink, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), a mais representativa entidade do setor. 

Apesar do acirramento das disputas internas, foi na era Lacerda que a PF desfrutou de grande popularidade, com operações que prenderam desembargadores, governadores, juízes e deputados. Com a maior liberdade de atuação que deu aos seus diretores, cada um deles passou a lutar por maior espaço dentro da corporação, medido por meio do alcance e repercussão que as operações deflagradas atingiam. 

Caio Junqueira

Valor Econômico

31/8/2007