O Ministério da Justiça e Segurança Pública não teve qualquer participação na elaboração da proposta de aglutinação de carreiras administrativas apresentada ao SinpecPF na última semana. A informação foi repassada ao sindicato pela Direção-Geral da Polícia Federal em reunião na manhã desta quarta-feira (19). O SinpecPF apurou que autoria do projeto é do sindicato que representa os servidores do Arquivo Nacional e que o MJ teria se comprometido apenas a servir de ponte entre as entidades de classe e o Ministério da Economia.

Ontem (18), os interlocutores do MJ na referida negociação — o secretário executivo adjunto, Washington Leonardo Guanaes Bonini, e o coordenador-geral de gestão de pessoas, José de Albuquerque Nogueira Filho — estiveram na PF para debater o projeto de aglutinação com o a Diretoria de Gestão de Pessoal. No encontro, além de negar a autoria da proposta, eles teriam deixado claro não ter como avalizar o conteúdo da mesma. Em síntese, disseram que o papel do MJ na negociação praticamente se resumiria ao envio do texto ao Ministério da Economia.

O SinpecPF também apurou que os representantes do MJ chegaram a se desculpar pelas expectativas irreais geradas com a negociação, especialmente no que tange à questão salarial. O motivo do mea culpa é a tabela constante na proposta — que apresenta ganhos significativos, em contradição com a política de redução de gastos comandada pelo ministro Paulo Guedes.

Os representantes do MJ esclareceram que o órgão continua sujeito às diretrizes de gestão de pessoas constantes no Ofício Circular SEI nº 2/2019/CGCAR/DESEN/SGP/SEDGG-ME — documento que veda qualquer tipo de reajuste salarial no momento —, algo que praticamente inviabilizaria as pretensões de aumento contidas na proposta.

O diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, aproveitou a reunião com o sindicato para reiterar o interesse em manter o PECPF atrelado ao órgão. “Caso essa proposta salarial tivesse qualquer chance de prosperar, é óbvio que trabalharíamos por uma equiparação, mantendo a carreira na PF”, afirmou.

Risco para a categoria — As informações obtidas pelo sindicato reforçam o temor de que a aglutinação seja prejudicial para a categoria administrativa da PF. Neste momento em que o Congresso discute Proposta de Emenda à Constituição (PEC 186/2019) que autoriza  a redução da remuneração de todo o funcionalismo em até 25% — texto esse de autoria do Poder Executivo —, é pouco plausível que o Governo endosse um robusto reajuste para as categorias do MJ.

Dessa forma, é preciso avaliar até que ponto a aglutinação é benéfica por si só. De todas as categorias envolvidas, o PECPF é a única que realiza, inquestionavelmente, atribuições de fiscalização e de controle. Seria vantajoso perder o vínculo com uma instituição de segurança pública — área sempre elencada como prioritária — e que goza de enorme credibilidade para voltar a integrar o corpo de um ministério?