A Polícia Federal começou a interrogar ontem os suspeitos que foram detidos em oito estados do país acusados de participarem do maior esquema de sonegação de impostos da história do comércio exterior brasileiro. No segundo dia da Operação Dilúvio, mais quatro pessoas em São Paulo e uma na Bahia foram capturadas. No início da noite, os empresários Adilson Soares e Márcio Gonçalves, que estavam em Miami, eram aguardados no aeroporto internacional de Cumbica (SP). O número de prisões, de acordo com o último balanço fornecido pela Polícia Federal, chega agora a 102.

Na quarta-feira, foram expedidos 118 mandados de prisão. Quase 400 servidores da Receita Federal e 1,2 mil da PF atuaram em conjunto para desarticular uma quadrilha especializada em trazer mercadorias para o Brasil a preços 50% mais baixos do que o real e falsificar notas fiscais para reduzir a incidência de impostos e tributos aduaneiros. De acordo com a PF e a Receita Federal, a rede tinha ramificações no Brasil e nos Estados Unidos, operava há pelo menos 10 anos e nos últimos quatro, foi responsável pela importação de cerca de R$ 1,1 bilhão, e somente em tributos aduaneiros sonegou mais de R$ 500 milhões.

A PF acredita ter prendido os principais chefes da organização: Marco Antônio Mansur, Alessandra Salewski e Marco Antônio Mansur Filho. Adilson Soares e Márcio Gonçalves, donos das empresas Feca Internacional e All Trade International, compõem, segundo as investigações, o elo internacional da rede.

Entre os produtos importados com preços subfaturados estão aparelhos eletrônicos, componentes de informática e telecomunicações, pneus, peças e artigos de ortopedia, frutas, embalagens plásticas, carros, motos, roupas, vitaminas e perfumes. De acordo com a Receita Federal, redes atacadistas, varejistas e até indústrias se beneficiaram do esquema, comprando mercadorias pela metade do preço e com notas frias.

Luciano Pires da equipe do Correio