Despesa dos 18 mil que disputam eleição assusta presidente do TSE

Os 18 mil candidatos das eleições de outubro vão gastar nas campanhas R$ 19,79 bilhões. O valor, calculado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com os dados fornecidos pelos próprios candidatos, equivale a 54,2 milhões de salários mínimos e seria suficiente para assegurar, com sobra, cestas básicas de R$ 100 a cada um dos 186 milhões de brasileiros. Ele representa perto de 19 vezes a quantia que, na última discussão de reforma política, era cogitada para o financiamento público de campanhas – R$ 7 por eleitor ou pouco mais de R$ 1 bilhão no total.

A soma das despesas dos oito candidatos à Presidência é de R$ 279,1 milhões. Para governador, as despesas em 26 Estados e no Distrito Federal totalizam R$ 942,55 milhões. Já os que disputam vagas de deputados federal e estadual vão gastar, respectivamente, R$ 6,96 bilhões e R$ 10,71 bilhões.

O presidente do TSE, Marco Aurélio Mell, ficou “estarrecido” com o valor, segundo sua assessoria. Para o ministro, a cifra levantada é “inimaginável”. O tribunal informa que a soma foi feita a partir da base de dados de candidatos cadastrados até o último dia 18. Não inclui, então, candidaturas que estão sendo conferidas.

São Paulo é o Estado com as campanhas mais caras: serão gastos R$ 151,33 milhões nas campanhas ao governo; R$ 67,73 milhões na disputa das vagas do Senado e R$ 2,34 bilhões e R$ 2,19 bilhões, respectivamente, nas eleições de deputados federais e estaduais.

Entre os candidatos à Presidência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou a previsão de maior despesa na campanha, R$ 89 milhões. Depois dele está o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, com R$ 85 milhões, seguido de Luciano Bivar (PSL), com gastos de R$ 60 milhões; Cristovam Buarque (PDT) e José Maria Eymael (PSDC), com R$ 20 milhões para cada um deles; Heloísa Helena (PSOL), com R$ 5 milhões, e Rui Pimenta (PCO), com R$ 100 mil.

ERRO

A maior previsão de gastos de campanha individual, segundo o TSE, foi feita pelo candidato a deputado estadual Kelson Jorge Abrão (MT) – R$ 800 milhões. O candidato, porém, já informou que o tribunal errou. Na verdade, previu R$ 800 mil. “Só tenho uma moto financiada. Sou fotógrafo, trabalho de sol a sol e nem sei o que são R$ 800 milhões”, disse ele à Agência Brasil. “Só vou gastar mesmo é sola de sapato.”

Em decorrência desse erro de digitação, o valor total de gasto em campanhas em Mato Grosso (R$ 1,123 bilhão) pode estar superestimado, o que poderá comprometer o cálculo da eleição no País. Na lista das maiores previsões, o tribunal informa que, em segundo lugar, também disputando vaga de deputado estadual, Joel Cavalcante de Oliveira e Francisco Lucieldo Marinho de Lima, ambos do Amazonas, anunciaram gastos de R$ 500 milhões.

Três candidatos ao governo de São Paulo estão entre os maiores gastadores: José Serra (PSDB), com R$ 45 milhões; Aloizio Mercadante (PT), com R$ 35 milhões, e Orestes Quércia (PMDB), R$ 30 milhões.

Candidatos do Acre prevêem o menor custo para governo (R$ 7,4 milhões), Senado (R$ 2,75 milhões) e Assembléia (R$ 16,36 milhões). Os concorrentes do Amapá a deputado estadual terão a campanha menos onerosa, de R$ 38,84 milhões. No geral, há 6 postulantes que dizem não querer gastar um tostão na campanha.

Rosa Costa

O Estado de S. Paulo