A despeito da política de corte da taxa básica de juros, a Selic, os juros ao consumidor voltaram a subir em maio. Das seis modalidades de crédito pesquisadas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), cinco registraram aumento de taxas. A maior variação foi verificada nas operações de empréstimo pessoal oferecidas por financeiras. Com alta de 0,10 ponto percentual, a taxa paga pelo consumidor passou de 11,5% para 11,6% ao mês — o que equivale a 273,22% em 12 meses.

Também foi apurado aumento de juros no cartão de crédito (mais 0,08 ponto percentual), no crediário do comércio (0,07 ponto), no empréstimo pessoal liberado pelos bancos (0,05 ponto) e nas operações de Crédito Direto ao Consumidor (0,03 ponto). A exceção foram as taxas sobre o uso do cheque especial, que caíram de 8,16% para 8,07% (153,78% no ano) em maio, correspondendo a uma queda de 0,09 ponto.

Anefac: bancos não tiveram tempo para repassar corte

Com isso, a taxa média de juros de bancos, varejo e financeiras, que era de 7,48% ao mês em abril, passou para 7,52% em maio, mais 0,04 ponto percentual. No caso das operações para empresas, houve redução de 0,02 ponto na taxa média, que passou de 4,4% para 4,38% (67,27% em 12 meses). Essa média para as empresas considera as modalidades de conta garantida, desconto de duplicata e de cheques e capital de giro.

Em reunião encerrada no último dia 31, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) voltou a reduzir a Selic em mais 0,5 ponto percentual, para 15,25%. A Anefac avalia que não houve tempo hábil para que os bancos eventualmente repassassem essa queda para suas taxas ao consumidor. Além disso, a entidade disse que “o momento econômico internacional” pode ter levado o mercado financeiro a manter maior cautela.

— Isso pode ser atribuído ao aumento dos juros americanos frente à subida da inflação — disse o vice-presidente da entidade, Miguel de Oliveira.

Aguinaldo Novo / O Globo