O superintendente em exercício da Polícia Federal em Cuiabá (MT), Geraldo da Silva Pereira, afirmou que o órgão conseguirá identificar a origem do dinheiro usado por petistas para comprar o dossiê contra o PSDB e solucionar o caso. Entretanto, deu a entender que o inquérito não será concluído antes do primeiro turno das eleições. A declaração do delegado é uma resposta ao procurador Mário Lúcio Avelar, que criticou a demora da Polícia Federal em identificar a origem do dinheiro. Pereira disse que o inquérito é da PF e que o representante do Ministério Público Federal é apenas um colaborador, sem poder de investigar.

FOLHA – A Polícia Federal tem sido criticada pela suposta demora em identificar a origem do dinheiro. GERALDO DA SILVA PEREIRA – As críticas são infundadas, porque toda investigação tem um prazo inicial de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30 [o inquérito do dossiê foi instaurado no último dia 15]. Nós estamos no início da investigação. Existe uma urgência no encerramento da investigação pelo clamor que causou no país . Designamos uma equipe que está trabalhando 24 horas por dia exclusivamente nesse caso. A Polícia Federal vem de um histórico de grandes operações realizadas no país e nós não queremos ser acusados de termos trabalhado mal em Mato Grosso ou compactuado com interesses escusos.

FOLHA – A Polícia Federal sofreu pressões do governo para retardar as investigações? PEREIRA – Há tempos que a PF vem trabalhando com total independência. As críticas decorrem da proximidade das eleições e de pessoas que tomaram carona no nosso trabalho, querendo prevalecer a sua visão, com fins eleitoreiros.

FOLHA – A Polícia Federal está protelando a conclusão do inquérito para depois das eleições? PEREIRA – Nós queríamos corresponder a esse anseio que há na sociedade e encerrar o mais rápido possível. Se conseguirmos [concluir o inquérito antes da eleição], maravilhoso. Se não, estamos cientes de que nós fizemos a nossa parte. Não houve influência ou ingerência externa para que acelerássemos ou que diminuíssemos o ritmo.

FOLHA – Procede a comparação feita entre essa investigação e a do caseiro Francenildo Costa, que teve o sigilo bancário violado?

PEREIRA – Não procede porque aquele caso era extremamente simples. Era uma conta bancária. Aqui, quantos elementos bancários nós temos para analisar? Quantos telefones? Isso demanda exames periciais, diligências junto a bancos, ao Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras, vinculado ao Ministério da Fazenda].

LEONARDO SOUZA

Folha de S. Paulo