O Sindicato Nacional dos Servidores do Plano Especial de Cargos da Polícia Federal (SinpecPF), entidade que representa os servidores administrativos da Polícia Federal, manifesta aqui seu veemente repúdio à todas as iniciativas legislativas que propõem redução salarial para os servidores públicos em razão das perdas econômicas que a pandemia de COVID-19 acarretará ao país.

Medidas como tais, de cunho contracionista, vão de encontro aos planos econômicos gestados mundo afora para enfrentar as perdas advindas da epidemia. É inadmissível que, enquanto o restante do planeta prega pesado investimento estatal para reaquecer o mercado, o Brasil siga na contramão, novamente elegendo o funcionalismo como culpado dos males que se abatem sobre a nação.

É preciso ressaltar que, enquanto autoridades dos Poderes Executivo e Legislativo debatem tais propostas, boa parte dos servidores administrativos da Polícia Federal representados por este SinpecPF estão na linha de frente do combate ao coronavírus, expondo-se a alto risco de contaminação em atividades como controle imigratório e suporte às operações policiais — inclusive em ações de saúde, com atuação de médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros profissionais.

Enquanto atuam diretamente na luta contra o coronavírus, esses profissionais seguem recebendo o apoio de centenas de servidores que, em virtude das circunstâncias, passaram a exercer suas atribuições de casa, pelo computador — um esforço para reduzir a curva de contaminações. Nenhum servidor administrativo está de braços cruzados na Polícia Federal. Muito pelo contrário.

Atualmente, a Polícia Federal sofre com um profundo déficit de servidores administrativos. Com remuneração salarial defasada há décadas e sem nenhum tipo de reajuste há três anos, a categoria tem assistido à debandada de inúmeros quadros de qualidade. Reduzir os salários da classe, neste momento, apenas contribuiria para a ampliação desse fenômeno, enfraquecendo a Polícia Federal e as atividades por ela desempenhadas.

Também não é demais lembrar que, ainda neste mês de março, boa parte do funcionalismo passará a arcar com alíquotas previdenciárias progressivas — bastante contestáveis, vale registrar —, que por si só já constituem cota de colaboração da classe para o almejado “equilíbrio fiscal”.

Entendemos que momentos extremos pedem medidas extremas. Mas há um sem número de alternativas mais justas e eficientes que podem e devem ser tomadas antes do confisco de salários daqueles que se arriscam para atender os anseios da sociedade. Que as autoridades brasileiras não se alienem e passem a observar os exemplos do restante do mundo.

Informamos ainda que o sindicato já acionou seu corpo jurídico para que sejam tomadas providências contra os cortes de benefícios decorrentes da Instrução Normativa nº. 28/2020. Mais do que nunca, precisamos estar unidos para lutar.

Por fim, o sindicato faz um apelo aos colegas que permanecem atuando na linha de frente: produzam todo tipo de registro comprobatório de que vocês seguem trabalhando in loco. Façam vídeos, fotografias, solicitem o registro de ponto, etc. Temos de mostrar ao país quem de fato constitui a linha de defesa contra o coronavírus.