Nesta quinta-feira (28), a Polícia Federal comemora 75 anos de existência. Como é natural em datas do tipo, diversos entes decidiram dedicar o dia para celebrar a história e os feitos da instituição — bem como seus integrantes.

Entre as comemorações, merece destaque a sessão solene realizada pela manhã no Plenário da Câmara dos Deputados. Fruto de requerimento da deputada Carla Zambelli (PSL/SP), a comemoração reuniu a cúpula do órgão e representantes das principais entidades de classe — entre as quais o SinpecPF — em “homenagem aos trabalhos realizados pela Polícia Federal”.

O sindicato louva a iniciativa da deputada — bem como a maioria dos discursos proferidos durante a solenidade. Em um órgão marcado por disputas internas, é sempre gratificante ver gestores, sindicalistas e mesmo parlamentares adotarem discurso conciliador. Impossível não destacar falas como a do deputado Felício Laterça (PSL/RJ), que enalteceu o papel dos servidores administrativos, clamando para que a categoria seja corretamente valorizada.

Também é ótimo ver servidores de todas as classes recebendo justas homenagens — entre elas nossa competentíssima colega agente administrativa Margareth Emília, recém-aposentada após anos de serviços prestados na Coordenação de Recursos Humanos.  Nada mais justo do que reverenciar as pratas da casa, especialmente em uma data tão propícia.

Então, é bom deixar claro: o sindicato aprecia e valoriza todas as celebrações que reverenciam o passado da PF. Entretanto, o momento político pede que olhemos com cuidado para o futuro da instituição. É triste, mas apesar de todo o prestígio conquistado pela PF junto à sociedade nos últimos anos, os governantes seguem sem respostas claras para os problemas que afligem a instituição. Como será o amanhã do órgão caso essas questões permaneçam sem solução?

Como representante da classe administrativa, o SinpecPF pode dizer com tranquilidade que a situação da categoria é crítica. Atualmente, o segmento responde por apenas 19% do efetivo da PF. Em 1978, época em que a órgão tinha muito menos atribuições do que tem hoje, correspondíamos a 30,3% da força de trabalho.

A situação pode piorar drasticamente nos próximos meses. Dados da Diretoria de Gestão de Pessoal da PF mostram que cerca de 25% da categoria administrativa já reúne requisitos para se aposentar. Muitos devem antecipar a decisão de deixar a ativa com receio dos efeitos da reforma da previdência. Soma-se isso às declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o governo não pretende realizar novos concursos e temos a receita para uma tragédia anunciada, na qual reinarão a terceirização irregular e os desvios de função de policiais.

Por isso, aproveitando o aniversário da instituição, o SinpecPF volta a pedir ao governo federal que se atente para as agruras que a PF vem enfrentando, em especial a questão administrativa. Um governo que se elegeu com o discurso de fortalecer o combate à corrupção e ao crime organizado não pode concordar com o sucateamento daquele que é o maior baluarte da sociedade nessas duas searas.