Thomaz Bastos diz que um procurador deve acompanhar apuração, solicitada pelo STF

Marco Aurélio acha difícil que responsáveis sejam descobertos; varreduras em linhas do TSE serão feitas semanalmente até 2º turno

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, informou ontem ao presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, que a Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar a origem dos grampos nas linhas telefônicas de três ministros do Tribunal Superior Eleitoral.

” Esperamos que esse crime seja desvendado rapidamente”, disse Bastos, ao participar de sessão solene do STF (Supremo Tribunal Federal), no Rio.

A apuração foi formalmente solicitada pela presidente do STF, ministra Ellen Gracie Northfleet, a Bastos. Dos três ministros grampeados, dois são do STF: Marco Aurélio e Cezar Peluso, que é vice-presidente do TSE. O outro ministro grampeado foi Marcelo Ribeiro, um dos três responsáveis, no TSE, pela análise de ações contra a propaganda eleitoral.

Bastos informou ainda que já pediu ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, a indicação de procuradores para acompanhar a investigação da PF.

O diretor-geral do TSE, Athayde Fontoura, disse acreditar que os responsáveis pela escuta ilegal já teriam retirado ontem os aparelhos de interceptação, detectados em varredura realizada na quarta-feira. Afirmou que os indícios são de instalação de aparelhos sofisticados de escuta, mas disse não ter sido possível localizá-los.

Segundo Fontoura, as varreduras nos telefones dos ministros do TSE, antes feitas uma vez por mês, passarão a ser feitas semanalmente.

A empresa Fence, que detém o contrato com o TSE, identificou grampo em linhas diretas que os ministros utilizam no gabinete do STF. A varredura foi feita porque Peluso suspeitou do problema e pediu providências ao STF, que transferiu a tarefa para o TSE. A empresa fez a varredura nos gabinetes dele, de Marco Aurélio e de Carlos Ayres Britto no STF e em várias linhas do TSE. A empresa ganha R$ 250 por linha inspecionada e faz varredura em cerca de 60 linhas por mês.

Marco Aurélio acha que dificilmente serão descobertos os responsáveis pelos grampos. Disse não temer que o grampo tenha captado inconfidência ou alguma conversa importante. Para ele, se houver envolvimento de partido, será a “excepcionalidade, a extravagância, a teratologia, o absurdo”.

SILVANA DE FREITAS e ELVIRA LOBATO

Folha de S. Paulo