A Polícia Federal do Pará analisa informações segundo as quais com apenas três empresas Marcelo França Gabriel e João Batista Ferreira Bastos, presos anteontem durante a Operação Rêmola,movimentaram contratos com o governo estadual acima de R$ 50 milhões. O governador Simão Jatene (PSDB) disse ontem que todas as denúncias comprovadas que envolvam projetos do governo serão “devidamente apuradas”. Ele não comentou a prisão de Marcelo, mas se solidarizou com o pai dele, o ex-governador Almir Gabriel, a quem visitou logo depois de saber da operação. Gabriel foi candidato do PSDB ao governo estadual, mas foi derrotado por Ana Júlia Carepa, do PT.

A PF acusa Marcelo e Bastos de se associarem para ajudar o esquema montado por uma quadrilha que praticou fraudes de R$ 9 milhões contra a Previdência, além de irregularidades em licitações do governo estadual. Ao todo, a PF prendeu dez pessoas.

HABEAS-CORPUS

O advogado de Marcelo, Clodomir Araújo, entrou com pedido de habeas-corpus no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Segundo ele, Marcelo não praticou nenhum crime e sua prisão não passa de uma ação política movida por adversários para atingir o ex-governador Gabriel.

O quartel do Corpo de Bombeiros, onde os acusados estão detidos, esteve movimentado no feriado de ontem. Parentes foram levar roupas e comida, enquanto advogados procuravam obter informações para preparar pedidos de relaxamento da prisão. O delegado Caio Bezerra, responsável pelas investigações, informou que não pedirá prorrogação da prisão temporária dos dez presos.

Ele tem agora três dias para analisar o material apreendido. No ato em que determinou a prisão dos acusados, o juiz da 3ª Vara Federal, Rubens Rollo D”Oliveira, afirma que há “veementes indícios de que eles estariam envolvidos na prática de crimes de falsidade ideológica, sonegação de contribuição previdenciária, advocacia administrativa, formação de quadrilha e fraude ao caráter competitivo de licitações”.

Carlos Mendes

O Estado de S. Paulo