A campanha do deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT), reeleito, pagou R$ 6.800 ao empresário Orides Dias Barboza no dia 13 de setembro, conforme a Justiça Eleitoral. Barboza é irmão de Arlindo Barboza, dono de uma empresa de táxi aéreo em Campo Grande, que foi procurado por Valdebran Padilha no mesmo dia 13 para combinar um vôo de São Paulo a Cuiabá. Orides nega ter recebido dinheiro de Abicalil.

Valdebran foi preso no dia 15 em São Paulo com R$ 1,168 milhão e US$ 248,8 mil que seriam usados na compra do dossiê contra tucanos. O chefe da máfia dos sanguessugas, Luiz Antonio Vedoin, disse à Justiça Federal que Valdebran levaria o dinheiro em um avião de uma empresa de táxi aéreo.

Em depoimento à Polícia Federal, Arlindo Barboza confirmou que foi procurado por Valdebran, mas disse que depois não houve mais contato. Ele não contou à PF que seu irmão é sócio de Valdebran. A omissão levou a PF a reforçar as suspeitas de que o aluguel do avião seria para transportar o dinheiro do dossiê a Cuiabá.

Valdebran diz que alugaria um avião para transportar um pára-brisa e um cockpit de aeronave para uma empresa na área de aviação de que é sócio.

Irmão de Arlindo, Orides Barboza é pai de duas sócias sócias de Valdebran na empresa Airtech, de Santo Antônio do Leverger (MT).

A CPI dos Sanguessugas apura possível ligação entre Abicalil, Valdebran e Expedito Veloso, que trabalhava na campanha de Lula e negociou o dossiê com Vedoin, segundo a PF. Expedito nega ter tratado de dinheiro com Vedoin.

Por meio de sua assessoria, Abicalil disse que pagou R$ 6.800 a Orides pelo aluguel de um avião, usado em uma viagem de campanha. “Foi emitida nota fiscal entregue à Justiça Eleitoral. Procurado pelo Tribunal Regional Eleitoral, Orides confirmou o aluguel do avião”, informou a assessoria.

Orides Barboza nega ter prestado qualquer serviço a Abicalil e conhecer Valdebran, embora tenha pago a ele R$ 2.000 por um imóvel alugado para comitê da campanha.

Outro lado

O deputado Carlos Abicalil (PT-MT) disse ontem, por meio de sua assessoria, que o dinheiro (R$ 6.800) pago ao empresário Orides Barboza refere-se ao aluguel de um avião usado em sua campanha eleitoral. Ele afirmou que apresentou nota fiscal ao TRE de Mato Grosso. Abicalil não comentou a ligação entre Orides e Valdebran Padilha, preso com o dinheiro do dossiê antitucano. O diretório estadual do PT em São Paulo informou que a doação de R$ 50 mil a Abicalil foi legalmente registrada na Justiça Eleitoral.

HUDSON CORRÊA

da Agência Folha, em Cuiabá