Catarina II, a Grande (02.05.1729 – 17.11.1796) foi imperatriz russa nascida em Stettin, na Prússia, em cujo governo a Rússia conheceu enorme desenvolvimento. A Imperatriz, apesar da origem estrangeira, tornou-se a mais popular da história russa. Ao lado de Frederico da Prússia, compõe o grupo dos déspotas esclarecidos, monarcas que governam de acordo com os princípios do iluminismo, mas que mantinham o poder absoluto.

Durante seu império, ao tomar conhecimento da miséria que imperava entre os seus súditos (os mujiques) – massa de camponeses que viviam explorados pela nobreza, pagando, praticamente, obrigações feudais e que habitavam miseráveis casebres – ordenou o seu homem de confiança e um dos seus preferidos, o ministro Grigori Alexandrovi Potyomkin (Potemkin), ministro e assistente, na época, a pessoa mais poderosa da Rússia. Potemkin gostava de sentir o prazer de ostentar o luxo e a riqueza. (Seu nome foi dado a um navio da esquadra russa, e depois transformado em um famoso filme intitulado “O Encouraçado Potenkim – 1925, do cineasta Sergei Eisenstein, que baseado no livro do mesmo nome, narra o episódio da revolta dos marinheiros russos em 1905 contra as humilhações por eles sofridas, a comida estragada que lhes era servida, e os castigos físicos a que os mesmos eram submetidos pela alta oficialidade da Marinha russa).

Voltando ao nosso principal personagem, o ministro Potemkin foi nomeado pela Imperatriz Catarina-II para resolver, dentre outras questões, uma das que mais incomodava o império: A miséria em que viviam os camponeses russos. Apesar de conhecer todo aquele problema, Potenkim jamais o revelara à Imperatriz. E caiu, exatamente sobre os seus ombros, a responsabilidade de resolver toda aquela situação. Após assumir tão espinhosa missão, Potenkim inicia os trabalhos “com mudanças” que poderiam dar uma nova vida aos esquecidos camponeses, trabalho este que representaria ao grande império russo, uma das maiores realizações da Imperatriz.

Potenkim, porém, terceirizou o serviço contratando um amigo arquiteto. Potenkim, após mostrar todo o projeto ao arquiteto, teve uma brilhante idéia: para esconder dos olhos da Imperatriz os miseráveis casebres habitados pelos camponeses,  deveria-se construir, em volta da aldeia, belas casas de papelão, muito bem pintadas e esculturas perfeitas de papelão que imitavam homens, mulheres e crianças, e desenvolveu um dispositivo impulsionado pela corrente de ar, o que fazia parecer que os camponeses acenavam as suas mãos para a Imperatriz durante todo o trajeto da comitiva. Depois do trabalho concluído com a máxima “perfeição,” Potenkim apresentou à Imperatriz seu relatório final dizendo: “Como Vossa Majestade pode observar, toda a obra foi executada, conforme planejamos. A partir de então, marcaremos a data para Vossa majestade visitar a aldeia. Mas, antes de tudo, os velhos casebres foram todos substituídos por “novas e dignas moradias”. A imperatriz, tomando conhecimento do relatório apresentado por seu ministro, sentiu a sensação de que seu projeto fora realizado. Finalmente, o velho problema dos camponeses havia sido resolvido, julgou a imperatriz. Naquele momento, foi agendado com Potenkim o dia da visita à aldeia dos camponeses. A imperatriz estava eufórica para conhecer de perto a transformação que ocorrera na aldeia.

Mas antes que esse dia chegasse, Potenkim recorreu mais uma vez ao arquiteto. O problema agora era o trajeto da comitiva de sua majestade e qual o caminho a seguir. Se fosse usado o velho caminho que dava acesso à aldeia, certamente a rainha descobriria todo o plano arquitetado por Potenkim. Eis que o Arquiteto teve “uma idéia fantástica” – construiria uma nova estrada que tornaria mais distante o acesso à aldeia. E, assim foi feito. Com essa estratégia, a imperatriz poderia apenas observar a aldeia bem distante dos seus olhos e ter vaga impressão de que tudo ali estava maravilhoso. No dia da tão esperada visita, o cocheiro sai do palácio e tomou direção do antigo caminho que dava acesso à aldeia dos camponeses. Vendo que isso poderia estragar todo o seu plano Potenkim, que estava ao lado da Imperatriz, falou: “Pelo velho caminho não, majestade! Além de ser longo, é muito perigoso”. O cocheiro, ao receber as ordens de sua alteza real, muda o percurso da carruagem, e toma direção da nova estrada. Enquanto a Imperatriz Catarina-II e comitiva seguiam pela nova estrada puderam apenas observar, bem ao longe, o planejado por Potenkim: belas casas de papelão muito bem decoradas, bonecos perfeitos, que imitavam homens, mulheres e crianças, todos muito felizes acenando as mãos à Imperatriz como uma forma de agradecimento pela “grande obra realizada”.

Depois do passeio, a Imperatriz e comitiva retornaram ao palácio na ilusão do dever cumprido. Mas, a bem da verdade, a vida no interior da aldeia era a mesma: os casebres continuaram no mesmo lugar, apenas cercados por “belas casas de papelão”. Nada mudara na aldeia e na vida dos camponeses. Enquanto, isso, Potenkim permaneceu no cargo de ministro, a Imperatriz Catarina II, a Grande, alemã de nascimento continuou no poder governando a Rússia até seu falecimento em 1796.

Brasília-DF, 26 de março de 2009 – Na recente visita para conhecer as instalações do DPF, o Exmº Senhor Presidente da Republica Federativa do Brasil participou também de solenidade alusiva aos 65 anos de criação do DPF, ocorrida no dia 26 de março de 2009. Sob o efeito da calorosa recepção que seria dado ao ilustre 1º mandatário da Nação no Departamento de Polícia Federal, a Direção-Geral pediu aos dirigentes das entidades classistas, que representam diversas categorias do DPF, que evitassem manifestações políticas durante a presença do Presidente.

Diante de tal solicitação, foram retiradas as faixas do Sindicato Nacional dos Servidores do Plano Especial de Cargos da Polícia – SINPECPF, que se encontravam fincadas em frente ao Edifício Sede do DPF, sob a alegação de que mensagens ali contidas poderiam causar desconforto e constrangimento ao Senhor Presidente e comitiva.

Era uma manobra muito bem arquitetada, mais ao menos ao estilo Potenkim e do arquiteto. Sua finalidade: esconder do Senhor Presidente da República a injustiça, a indiferença, o abandono, que são cometidos ao longo dos anos aos Servidores Administrativos do Plano Especial de Cargos do DPF. É bom ressaltar que o Senhor Presidente por ser um homem público oriundo das classes mais humildes deste país, jamais se incomodaria com as mensagens ali estampadas. Certamente indagaria às autoridades ali presentes qual o motivo daquela manifestação. É, de ressaltar, que o Senhor Presidente é um líder político que surgiu no cenário político nacional por meio das lutas sindicais, num período de exceção no qual as manifestações de cunho político-partidário eram proibidas no Brasil. E, bom informar, ainda, que neste país vive-se sob a regência de plena democracia, uma conquista caríssima do povo brasileiro, que lhe custaram longos, incansáveis, e heróicos anos de luta.

É bom lembrar ainda que os Servidores do Plano Especial de Cargos do Departamento da Polícia Federal reivindicam, junto à atual Direção-Geral e das já passadas: salário digno, reestruturação da carreira, tabela de vencimentos, plano de saúde. Reivindicações estas jamais atendidas. É de se destacar ainda que essa categoria venha, constantemente, informando às autoridades legalmente constituídas desse país a desatenção, o abandono, a falta de incentivos, desmotivação, etc., que os servidores administrativos do Plano Especial de Cargos do Departamento de Policia Federal, criado pela Lei 10.682, de 28 de maio de 2003, enfrentam ao longo dos 65 anos de existência dessa organização.

E, para concluir, é bom que todos nós saibamos que a responsabilidade dos nossos parlamentares e dos homens públicos que detém os mais relevantes cargos da Administração Federal é analisar melhor suas decisões, não esquecerem na gaveta dos seus gabinetes projetos de interesse do país. Pois a solução para a melhoria e/ou reconstrução do serviço público de qualidade que prestamos à sociedade não passa pela entrega ao setor privado ou a terceiros.

Além de o governo driblar a lei de responsabilidade fiscal, o Ministério Público e o Tribunal de Contas, dá-se ao servidor público o rótulo de incompetente, incapaz de oferecer e prestar bons serviços. A própria história dos servidores públicos desmente essa premissa. O problema não está nos servidores e sim na gerência. Nós, servidores do PECPF que somos exemplo de trabalho e dedicação ao DPF, não precisamos copiar outros modelos de eficiência duvidosa. A terceirização é o esvaziamento do princípio do atendimento instituído pelo poder público e traz prejuízos aos servidores e principalmente daqueles que necessitam do serviço público.

“QUEM SE ACOSTUMOU À ROTINA DO CLARO E ESCURO NÃO CONSEGUE ENXERGAR ALÉM DA CORTINA DE DISCURSOS FORJADOS PELA DEMAGOGIA”. Os homens públicos verdadeiramente compromissados com o país não devem esconder aos olhos do povo os graves problemas que afligem a nação. Que suas atenções sejam voltadas para o zelo da coisa pública, focando a solução dos problemas sociais, e contribuindo dessa forma no combate à violência que se alastra por todos os rincões deste país. Cientes da responsabilidade que pesa sobre os seus ombros, e conscientes de suas atitudes e decisões, os homens públicos certamente se verão livres das amarras e das idéias mirabolantes que os tornam reféns dos ideais nefastos como uma herança maldita deixada por Potenkim.