Reportagem vinculada pelo Jornal Nacional nessa quinta-feira (10) constata: conseguir agendamento junto à Polícia Federal para retirada de novo passaporte é tarefa árdua. Segundo o JN, a espera pode chegar a até 40 dias em localidades como Brasília e Fortaleza. A Polícia Federal justifica a demora em razão do aumento na procura pelo passaporte no início do ano – que chega a 35%. Um argumento válido, sem dúvidas, mas o SINPECPF sabe que a falta de servidores também tem grande influência no processo. 

A reportagem do Jornal Nacional coincide com a decisão do Governo Federal de enxugar o orçamento para 2011 em 50 bilhões de reais, o que, segundo o próprio Governo, comprometerá a realização de novos concursos públicos e as negociações por reajustes salariais para o funcionalismo. Na opinião do sindicato, os cortes não podem ser generalizados. “Há casos em que o adiamento de concursos trará ainda mais prejuízos ao país”, afirma a presidente do SINPECPF, Leilane Ribeiro de Oliveira, enfatizando o caso do PECPF, que hoje opera no limite máximo em decorrência da falta de profissionais em seus quadros.

“Protelar o concurso para a área administrativa da Polícia Federal é dar fomento aos desvios de função de policiais que hoje tanto prejudicam as atividades do órgão”, avalia Leilane. “Colocar um servidor policial que custa em média quatro vezes mais que um administrativo para realizar o trabalho deste último não é economizar dinheiro, muito pelo contrário. O governo não pode ser conivente com isso”.

Na opinião da presidente, reestruturar a carreira administrativa, garantindo a permanência dos atuais servidores e atraindo novos bons profissionais para a Polícia Federal é uma alternativa muito mais eficiente, pois possibilitaria o retorno de policiais alocados em funções administrativas para a atividade finalística do órgão. “O governo mataria assim dois coelhos com um só golpe, tornando a atividade administrativa menos onerosa e fazendo crescer o número de policiais atuando em operações de segurança”.

A presidente também critica a ideia de que a terceirização de determinadas atividades traz economia para a administração. “Isso não é verdade, pois o custo não pode ser calculado apenas pela relação salarial”, esclarece, apontando qualidades como a eficiência em serviço e o comprometimento com a instituição como parâmetros de avaliação. “O risco que o órgão corre ao contratar funcionários sem vínculo com a administração para realizar atividades sensíveis na área de segurança tem que ser levado em consideração”, aponta.

Por esses motivos, o SINPECPF continuará em contato com o Ministério do Planejamento, pressionando para que os debates relativos à reestruturação recomecem. Nossa demanda é uma necessidade para a Polícia Federal. Sem a reestruturação da carreira administrativa, o órgão não terá condições de exercer o papel que se espera dele durante os grandes eventos esportivos que se aproximam, tampouco poderá tornar-se referência internacional na área de segurança pública.