Estimativas do IBGE apontam: em 2036, o Brasil terá aproximadamente 226 milhões de habitantes — cerca de 10% a mais do que hoje. Além de maior, a população brasileira será mais velha, passando dos atuais 24,9 milhões de habitantes com mais de 60 anos para 48,9 milhões.

A análise lógica de tais números leva a uma conclusão simples: uma vez que a população aumentará, a estrutura que garante serviços básicos como segurança, saúde e educação deve crescer, no mínimo, na mesma proporção. Contudo, não é assim que pensa o Governo Temer, que com a PEC 241 propõe congelar os gastos públicos ao patamar atual durante 20 anos, corrigida apenas a inflação do período.

Como servidores públicos, nós, administrativos da Polícia Federal, sabemos que a estrutura atual do funcionalismo ainda é bastante precária em nosso país. Falta pessoal e recursos em áreas vitais, enquanto sobram regalias e apadrinhados em posições de comando. Alguém acredita que o país pode dispor de mais profissionais nas áreas de segurança, saúde e educação? Como contratar, treinar e reter pessoal, se não se poderá gastar mais do que se gasta hoje?

Infelizmente, o banquete oferecido aos parlamentares pelo presidente Temer no último domingo (9) sinaliza que o tão propalado controle de gastos não atingirá os agentes políticos, como anseia a sociedade. Como de praxe, caberá a servidores e à população mais carente a conta pelo contingenciamento. Enquanto cortamos na própria carne, nossos “líderes” cortam o filé pago a nossas custas.

Contudo, por mais forte que seja o lobby em prol da PEC 241, a batalha ainda não está perdida. A proposta ainda precisa ser aprovada em um turno pela Câmara dos Deputados — em votação que, de acordo com o presidente daquela casa, Rodrigo Maia (DEM/RJ), deverá ocorrer até o dia 25 deste mês — e em dois turnos pelo Senado Federal.

É por isso que o SINPECPF, em parceria com outras 83 entidades de classe, segue lutando contra a aprovação da proposta. Na última terça-feira (11), o presidente Éder Fernando da Silva compareceu à Câmara para participar de reunião com a Frente Parlamentar Mista pela Auditoria da Dívida Pública com Participação Popular, na qual foram expostos a diversos parlamentares os malefícios que a aprovação da proposta poderá acarretar ao país.

“Não vamos desistir!”, garante Éder. “Mesmo que, na pior das hipóteses, a proposta seja aprovada, seguiremos lutando para que o próximo governo reveja a situação. Mas para que essa luta tenha êxito, precisamos do apoio de nossas bases, para deixar clara nossa insatisfação com essa proposta que congela o futuro do país”, conclui.