Em greve desde o dia 25 de setembro, os agentes administrativos da Polícia Federal realizaram na tarde de ontem, no aeroporto de Aracaju, panfletagem junto aos passageiros que desembarcavam na cidade para explicar os motivos da greve por tempo indeterminado. A principal reivindicação da categoria, de acordo com Gilvan Bispo dos Santos, representante do Sindicato Nacional dos Servidores do Plano Especial de Cargos da Polícia Federal (Sinpecpf), é a de reestruturação do plano de cargos da classe. De acordo com as explicações de Gilvan, a greve está sendo necessária porque não há avanços na negociação entre o governo federal e o grupo de trabalho criado para discutir melhorias para a categoria.

Dentre os pleitos solicitados, está o de acabar com o alto número de policiais em desvio de função, que de acordo com Gilvan, além de não estarem a serviço da população para a finalidade a que foram treinados, ainda faz com que não exista concurso público para os agentes administrativos. “Se isso acontecesse, seria necessário concurso para preencher as vagas que ficariam em aberto e faria valer os quase R$ 90 mil gastos durante os seis meses de formação de um único policial federal. Para se ter uma idéia, são cerca de 1.700 pessoas nessa situação”, comentou o delegado sindical em Sergipe.

Os grevistas também querem o fim da terceirização dos serviços administrativos. Gilvan Bispo disse que em Sergipe, depois de muitas críticas e protestos, existem apenas quatro terceirizados, dois de nível médio e dois de nível superior, embora nacionalmente esse número pule para dois mil – nível médio – e mil, nível superior. “A terceirização é uma vergonha, porque o governo paga entre R$ 2 mil e R$ 3 mil para esse funcionário, que não é dos quadros do departamento”, frisou.

Pouco contingente

No Estado, existem atual mente 38 agentes administrativos ativos, número muito reduzido, na opinião do delegado sindical, para realizar os serviços como o de emissão de passaporte, registro de porte de arma, licença de produtos controlados pelo governo federal, licitação e protocolo. Pelos cálculos do Sinpecpf, a quantidade ideal de agentes administrativos seria de no mínimo 90 pessoas.

Outro ponto que desagrada quem trabalha nesta área da PF diz respeito aos vencimentos, cuja tabela, de acordo com Gilvan, está defasada e com grande disparidade. “Tem gente que ingressou na carreira no concurso de 2004 ganhando muito mais ou igual a quem já tem mais de 20 anos de casa e isso não é aceitável. Queremos a redução da disparidade salarial entre as seis categorias existentes. Se isso não acontecer, vamos sempre precisar de concursos para suprir as vagas, e uma prova disso foi o último concurso, pois do total de aprovados que assumiu os cargos, 60% abandonaram porque foram em busca de coisas melhores”, relembrou.

O não reconhecimento salarial é um reflexo, na opinião dos manifestantes, do não reconhecimento da importância da função do agente administrativo da PF pela sociedade. Eles fazem questão de comentar que sem a presença desses servidores as grandes operações e o bom desempenho da PF não existiriam, já que toda a logística das ações é desenvolvida por esse grupo de servidores. “Só que, infelizmente, quando as ações são realizadas e os resultados obtidos ninguém lembra que tivemos participação só focam os acontecimentos ou no preso ou no delegado, nem mesmo os policiais têm seus méritos reconhecidos”, desabafou.

03/10/2007 – Jornal da Cidade