O governo discutia ontem conceder um reajuste global a todo o funcionalismo público federal para recompor o poder de compra do servidor e tentar por fim às greves. Segundo a Folha apurou, uma das alternativas debatidas pelo núcleo do Executivo era viabilizar um aumento médio anual -que poderia ser de 5%- de 2013 a 2015. Não se trata, conforme relatos de interlocutores da Presidência, de uma recomposição inflacionária, para não indexar a economia, mas a avaliação do governo é que se chegaria perto disso.
 
O impacto dessa oferta para a categoria é de R$ 4,18 bilhões ao longo do período. No total, cerca de 30 órgãos do governo têm servidores em greve ou operação-padrão. Várias categorias pedem reajustes superiores a 20% para garantir a recuperação do salário frente à inflação desde os últimos aumentos. Outra proposta é usar reserva no caixa para reajustar o salário de carreiras pontuais, aquelas mais defasadas ou de remuneração mais baixa. A ala contrária ao aumento global defende que é melhor contemplar categorias com propostas diferenciadas.
 
Dessa forma, pondera essa corrente, é melhor usar a folga no Orçamento para reestruturar algumas áreas em vez de um aumento linear, que não seria capaz de atender às várias reivindicações. Com dificuldade para dar reajuste maior por causa da crise internacional e eventuais impactos sobre o Brasil, todo esforço vai, segundo o governo, na linha de não cometer aventuras fiscais e tentar, na medida do possível, contemplar os servidores. Se for possível dar aumento de cerca de 15% a todos, diluídos em três anos, a expectativa é que a proposta desmobilize o movimento, com uma saída para recomposição salarial no longo prazo.
 
DE UMA VEZ – Na semana passada, o governo ofereceu esse percentual de reajuste aos técnicos administrativos das universidades e institutos federais, em greve há dois meses. A categoria pediu ao governo para receber o aumento de cerca de 15% de uma vez só, mas recebeu um "não" do Ministério do Planejamento. Esses servidores voltam a negociar com o governo hoje. Além dos técnicos, apenas os professores universitários já receberam uma proposta concreta do governo, com reajustes que variam entre 25% e 40%, também diluídos ao longo dos próximos três anos.
 
Fonte – Folha de São Paulo