Integrantes da comissão de inquérito vão ao Mato Grosso acompanhar depoimento de Luiz Antônio Vedoin. Biscaia começou a notificar os parlamentares investigados no esquema das ambulâncias

A CPI dos Sanguessugas vai utilizar o depoimento do empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos donos da Planam, como roteiro para investigar o envolvimento de parlamentares na compra de ambulâncias pelas prefeituras, com o dinheiro de emendas apresentadas por congressistas ao Orçamento da União. Luiz Antônio, filho de Darci Vedoin, principal dono da empresa que montava as ambulâncias, aceitou a proposta de delação premiada feita pelo Ministério Público e começou a contar detalhes do esquema. Os integrantes da CPI também vão interrogar a ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, apontada como o braço da quadrilha no governo.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) e o senador Sibá Machado (PT-AC) chegam hoje a Cuiabá para acompanhar o depoimento de Luiz Antônio. Na segunda-feira, sete outros integrantes da CPI também vão a Cuiabá acompanhar os depoimentos. A comissão também vai investigar se o empresário Darci Vedoin, pai de Luiz Antônio, está mesmo doente e sem condições de colaborar com a Justiça. Ele continua internado em um hospital daquela cidade. Os depoimentos dos três serão importantes para a CPI, que só conseguiu decifrar 30% das informações do livro-caixa da Planam, registradas em códigos ou com apelidos dos congressistas beneficiários do esquema.

Na reunião administrativa de ontem a CPI adiou a votação de requerimentos exigindo os depoimentos dos três ex-ministros da Saúde: dois do governo Lula, o petista Humberto Costa e o peemedebista Saraiva Felipe, além de tucano José Serra, que ocupou o cargo no governo Fernando Henrique Cardoso, e hoje é candidato a governador de São Paulo. A investigação sobre esquema nos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia foi adiada. Na reunião não houve quorum para analisar o pedido de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico dos investigados.

Notificação

O presidente da CPI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), vai notificar pessoalmente os 15 parlamentares que estão sendo investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento com a máfia das ambulâncias. Os congressistas terão cinco dias úteis de prazo, a partir do recebimento da notificação, para apresentar explicações por escrito à CPI. Biscaia garantiu que, em menos de 60 dias, a comissão vai concluir o relatório e apresentar oficialmente os nomes dos parlamentares culpados da fraude. “Já existem elementos suficientes contra 57 parlamentares”, destacou Biscaia.

A CPI reafirmou o pedido de afastamento dos cargos que ocupam na Mesa Diretora da Câmara os deputados Nilton Capixaba (PTB-RO) e João Caldas (PL-AL). Os nomes dos dois constam no livro-caixa da Planam como destinatários de propinas. Mas não há no Regimento Interno da Casa instrumento legal que autorize o presidente Aldo Rebelo (PCdoB-SP) a determinar o afastamento dos dois.

Alguns parlamentares da CPI querem pedir novamente ao STF o fim do “segredo de justiça” para os documentos da PF entregues à comissão e que revelam o envolvimento dos parlamentares. O deputado Biscaia é contra.

Leonel Rocha do Correio Braziliense