Os pequenos investidores, que não têm medo de correr um pouco mais de risco para garantir maior rentabilidade, poderão, a partir desta segunda-feira, reservar a ações do Banco do Brasil para compra. As reservas devem ser feitas nas agências do BB ou em corretoras até o dia 23, com valores variando de R$ 1 mil a R$ 300 mil. Os grandes investidores (aplicação acima de R$ 300 mil) também têm até o dia 23 para mostrarem interesse. Neste caso, no BB Investimentos e no Banco Pactual.

Apesar de parecer uma boa opção de negócio — afinal o setor bancário é um dos que mais lucra no país —, o pequeno investidor precisa estar ciente dos altos e baixos da bolsa de valores antes de acertar o negócio. Segundo o economista-chefe da Mandarim Gestão de Ativos, Eduardo Velho, a pessoa física que comprar as ações ordinárias (com direito a voto) precisarão ter sangue frio para suportar as variações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) no curto prazo. “É necessário ter em mente que esta deve ser uma aplicação de longo prazo”, disse. Isso porque, com a expectativa de aumento de juros nos Estados Unidos para controle da inflação, o mercado vem passando por dias mais tensos e voláteis e isso reflete no preço do papel negociado em bolsa. “O momento de compra está ruim devido a volatilidade do mercado internacional”, disse o economista.

Eduardo Velho destacou ainda que no investimento nas ações do Banco do Brasil deve estar embutido o elevado custo de oportunidade no curto prazo. “Ao comprar papel, ele (investidor) deixa de alocar recursos em títulos públicos federais que renderiam uma taxa de juros superior ao rendimentos esperado na bolsa de valores. Isso é condizente com nossa avaliação de que o cenário de volatilidade deverá permanecer nos próximos meses”, frisou. Um ponto negativo da operação, levantado pelo economista, é não permissão do uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a aquisição das ações, como foi feito nas ofertas públicas de papéis da Petrobras e da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). O investimento deve ser feito em dinheiro.

Para o analista da Máxima Asset Management, Fábio Cardoso, os papéis do BB podem ser uma boa opção pois, o grande acionista é o Tesouro Nacional. “E muito difícil esse banco quebrar”, lembrou Cardoso. Além disso, a oferta pública permitirá que investidores estrangeiros façam parte da instituição financeiro, o que poderá contribuir para valorização do BB no exterior. “Haveria uma melhor precificação do ativo. O BB, em relação a bancos do estado negociados lá fora, está sobrevalorizado”, afirmou. Uma melhor avaliação no exterior pode contribuir para valorização da empresa e, conseqüentemente, das ações negociadas em bolsa.

O economista da Mauá Investimentos Caio Megale frisou que investir no setor bancário tem sido um bom negócio devido a performance dos últimos anos. “Mas é preciso ficar atento com as turbulências do mercado externo. ”, afirmou o economista. Para ele, a perspectiva do BB para os próximos meses são positivas devido a expectativa de aumento da concessão de crédito, a perspectiva de queda dos juros e de melhoria da renda dos trabalhadores. “Mas é difícil dizer quanto desse cenário já está no preço das ações”, afirmou.

Oferta pública

Segundo o BB, serão vendidas 45.441.459 ações , o que corresponde a 5,5% do capital do banco — sendo 1,5% de papéis da instituição que estavam em tesouraria e 4% são da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O percentual de 2% do Tesouro Nacional ficou de fora da operação por falta de tempo para organizar a venda. A idéia inicial era vender 7,5% do capital do Banco.

Dos 45 milhões de papéis, 20% serão destinados ao varejo (aplicações entre R$ 1 mil e R$ 300 mil) e 80% para os investidores institucionais (acima de R$ 300 mil). Os interessados só saberão se a operação foi bem-sucedida ou não no dia 26. A liquidação da oferta pública será no dia 28. Entre os investidores que se enquadram como varejo — pessoa física, por exemplo —, terão preferência na hora da compra os clientes e funcionários do BB. Se todos os papéis forem vendidos, o percentual de ações do BB em negociação no mercado sobe de 6,9% para 12,5%. O objetivo da instituição financeira com a venda de papéis é entrar no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que exige um grau mínimo de abertura de 25%.

Edna Simão da equipe do Correio Braziliense