Tanto o atual ministro Márcio Thomaz Bastos quanto fontes do PT consultadas pelo Valor informaram ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se fixar no nome do ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal, para ocupar a Pasta da Justiça. A opção é Tarso Genro (Relações Institucionais), que gostaria de ocupar o ministério. Bastos esperava definir sua saída – e o substituto – em audiência prevista para ontem com Lula, mas adiada devido a problemas de agenda do presidente. O próprio ministro confirmou, durante a diplomação de Lula no TSE, à noite, que a conversa ficou para a próxima semana. 

Foi Bastos quem informou que Lula voltara a cogitar a nomeação do ministro Sepúlveda Pertence, em entrevista ao programa “Bom dia, ministro”, transmitido ontem pela Radiobrás. O ministro anunciou que ainda naquela manhã teria uma audiência com Lula na qual seriam definidos sua saída e o nome de seu sucessor, que, segundo afirmou, estava entre Pertence e o ministro Tarso Genro. O ministro disse que “gostou muito” de sua passagem pela Justiça. 

No início do governo ele havia combinado com Lula ficar apenas dois anos no ministério. Ficou os quatro do primeiro mandato e agora está querendo voltar o quanto antes para São Paulo, talvez já no dia 2 de janeiro. Thomaz Bastos trabalha ativamente por Sepúlveda Pertence, que é amigo do presidente (já foi seu advogado), tem amplo trânsito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), foi procurador-geral da República e agora é ministro do Supremo. 

“Chego ao fim de quatro anos (de trabalho) com a consciência imodesta do dever cumprido. Acho que o Ministério da Justiça foi bem e está pronto para dar neste segundo e grande mandato, que nós esperamos do presidente Lula, uma contribuição importante”, disse Márcio Thomaz Bastos na entrevista que concedeu à Radiobrás, órgão oficial do governo. Ele avaliou que um dos grandes desafios de seu sucessor será a consolidação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp). 

Caso a opção seja por Tarso Genro, a coordenação política do governo pode ficar com o governador do Acre, Jorge Viana. “Lula gosta muito dele”, disse um auxiliar do presidente. Mas a composição da nova equipe de Lula, para o segundo mandato, enfrenta problemas por causa da indefinição sobre a reeleição de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara – o PT lançou candidato próprio, o líder do governo Arlindo Chinaglia. Lula deu prazo até a próxima para os partidos da coalizão chegarem a um acordo para a indicação de um candidato único, do contrário deixa para fazer a reforma ministerial após a eleição na Câmara e no Senado. 

O deputado Arlindo Chinaglia tem ampliado seu espaço entre os partidos aliados. O seu problema é convencer Lula que deve ser ele o candidato, o que só conseguirá se demonstrar cabalmente que é um nome mais viável eleitoralmente que o de Aldo Rebelo e que não corre risco de perder a eleição. Na quarta-feira, o PMDB, partido que elegeu a maior bancada de deputados, informou a Lula que aguarda e seguirá o posicionamento do presidente sobre o assunto. 

Raymundo Costa e Cristiano Romero

Valor Econômico