Uma vez que o Governo Federal insiste em vender a PEC 287/2016 como única saída para a Reforma da Previdência, os servidores públicos — classe mais afetada pela proposta — optaram por contra-atacar. Em reunião realizada ontem (16) com a Frente Parlamentar em Defesa da Previdência na Câmara dos Deputados, mais de 60 entidades de classe do funcionalismo decidiram produzir manifesto contestando diversos aspectos da reforma.

Municiados por dados internos, os servidores pretendem atacar o discurso alarmista do governo, contestando os argumentos de que o sistema não se sustenta. O principal ponto a ser enfrentado é o déficit previdenciário, gerado mais por problemas de gestão e pela não contabilização de benefícios assistenciais do que pelas aposentadorias e pensões em si.

“A previdência está sendo usada como ‘bode expiatório’ para os problemas fiscais do governo”, sustenta o presidente do SINPECPF, Éder Fernando da Silva. “É injusto que o ônus pela gestão ineficiente recaia sobre o trabalhador, ferindo a expectativa de direito criada quando ingressamos no funcionalismo”, completa.

O slogan da campanha já está definido: “A Previdência é nossa – União contra a reforma”. O movimento já conta com o apoio de diversos parlamentares, entre eles os deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP), Chico Lopes (PCdoB/CE), Érika Kokay (PT/DF) e o senador Paulo Paim (PT/ES). “Vamos nos articular juntos para criar uma estrutura de resistência contra o discurso do governo”, explica Éder.

Para o diretor jurídico do SINPECPF, Cícero Radimarque, o momento pede união entre os servidores. “Temos divergências em diversos pontos, mas as categorias devem trabalhar juntas nessa questão. Precisamos construir uma alternativa ao texto do governo que não prejudique nem o trabalhador nem o sistema previdenciário”, afirmou.