Um caldeirão de promessas não cumpridas pelo governo queimou bem em frente ao Palácio do Planalto nesta terça-feira (21). Quem ateou fogo foram os servidores administrativos da PF. Como combustível, usaram os acordos assinados pelo SINPECPF com o governo – repletos de promessas que jamais foram honradas. Assim que tocavam as chamas, os acordos viravam cinzas, se desintegrando quase tão rápido quanto os compromissos contidos neles.

Munidos de faixas, apitos, buzinas e muita disposição para incomodar, os administrativos chamaram a atenção de todos para si assim que pisaram na Praça dos Três Poderes. Cidadãos que acompanhavam o julgamento do “Mensalão” logo ali ao lado no STF vieram ver qual era o motivo de tamanho rebuliço. Ficaram sabendo que a PF é hoje um órgão desestruturado, que desvia policiais para funções administrativas e terceiriza postos de segurança que deveriam estar a cargo de servidores de carreira.

A presidente do SINPECPF, Leilane Ribeiro de Oliveira, pegou o microfone e explicou o que seria feito ali. “Viemos queimar os compromissos que o governo assume, mas não cumpre”, bradou em direção ao Palácio. Em sua mão estavam cópias de dois acordos: o primeiro firmado em março de 2008, que estipulava prazo de 180 dias para que fosse promovida a reestruturação da carreira administrativa. O segundo datado de agosto de 2011, com o compromisso de que as negociações sobre a reestruturação seriam concluídas até março de 2012.

Cópias desses documentos foram entregues aos servidores, que puderam utilizar o microfone para registrar porque estavam ali queimando aqueles acordos. “Queimo o acordo porque o governo não respeita o servidor administrativo”. “Queimo porque o governo desperdiça dinheiro com terceirizados”. “Queimo porque a PF continua sucateada”. “Queimo porque o governo desvia policiais para funções administrativas”, protestaram.

Para terminar de passar o recado da categoria, o sindicato pegou então algumas notas de dinheiro cenográfico e as jogaram no caldeirão, em alusão ao desperdício de dinheiro praticado pelo governo. “É isso que o governo faz com o dinheiro público quando aposta no desvio de função de policiais e na terceirização irregular”, protestavam os servidores.

O protesto terminou com a categoria entoando o hino nacional, provando que os servidores administrativos não fogem à luta.

GREVE CONTINUA – Antes da manifestação, a categoria se reuniu para deliberar sobre os rumos do movimento grevista. Ficou decidido que a greve deve continuar pelo menos até quinta-feira (23), quando o Ministério do Planejamento volta a receber o SINPECPF para mais uma rodada de negociações. Na quinta à tarde, os servidores irão se reunir em Assembleia Geral Extraordinária para deliberar sobre a proposta que o Planejamento oferecerá à categoria.