O relator do Orçamento da União, deputado Geraldo Magela (PT-DF), propôs ontem um aumento de até 103,7% no tíquete-alimentação do servidor público federal do Executivo no ano que vem. Ao elevar a previsão de crescimento econômico de 4,5% para 5% em 2010, ele projetou uma arrecadação pelo menos R$ 1,7 bilhão maior do que a estimativa inicial do Ministério do Planejamento. Desse montante, Magela pretende usar R$ 930 milhões para conceder o reajuste, que beneficiaria 540 mil pessoas no país e 90 mil no Distrito Federal. Mas a emenda, que depende da aceitação do governo, não vai satisfazer as pretensões dos representantes sindicais da categoria.

“O governo já falou diversas vezes que quer reajustar o valor do tíquete. O que eu fiz agora foi encontrar os recursos,” disse o deputado. Para ele, a previsão de 5% de crescimento é até tímida, pois analistas de mercado já apostam em um nível superior. O auxílio depende da região do país, variando de R$ 126 a R$ 161,99 — o valor máximo é em Brasília. De acordo com a proposta, o piso passaria para R$ 250, num aumento de 98,4%. O teto seria fixado entre R$ 300 e R$ 330, com reajuste entre 85,2% e 103,7%.

Reação

Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do DF, Oton Pereira, não será possível avaliar o reajuste até que ele seja confirmado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Mas, desde já, Pereira antecipa que os valores propostos não atendem aos desejos do funcionalismo. “Vamos insistir na isonomia com o Legislativo e o Judiciário. Não vejo nenhuma razão para que eles ganhem até R$ 650 de auxílio e nós não. Somos todos funcionários públicos federais, pagos pela mesma fonte de recursos e com as mesmas necessidades básicas de alimentação”, disse.

Segundo Pereira, a mobilização prevista para os próximos dias está mantida. Na quinta-feira, os sindicalistas esperam reunir cerca de 10 mil servidores numa marcha em Brasília. Se o governo não aceitar negociar, um indicativo de greve por tempo indeterminado deve ser votado no dia 10 de novembro.

Fonte: Ricardo Allan – Correio Braziliense