Quem são os servidores administrativos da PF e por que é fundamental valorizá-los?

Boa parte das pessoas não sabe, mas para que as grandes operações da PF sejam bem-sucedidas — sejam elas contra a corrupção ou contra o crime organizado —, é necessário todo um suporte logístico, realizado pelos servidores administrativos do órgão, integrantes do Plano Especial de Cargos da PF (PECPF). São esses profissionais que mantém a casa em ordem para que os policiais possam combater a criminalidade.

Em geral, os administrativos atuam nos “bastidores”, nas mais abrangentes áreas. São exemplos de servidores administrativos os médicos e psicólogos que assistem os policiais; os técnicos em telecomunicação que instalam as antenas de rádio para as operações policiais; os pedagogos que preparam a grade curricular do curso de formação de policiais; os gestores e contadores que cuidam das finanças da PF; os técnicos em comunicação responsáveis pelo relacionamento da organização com seus diferentes públicos; os agentes administrativos responsáveis pela alimentação de sistemas de bancos de dados, emissão e entrega de passaportes, controle de armas e munições, produtos químicos, controle de segurança privada, controle migratório, entre outras atividades; e tantos outros profissionais.

Infelizmente, há algum tempo a engrenagem administrativa é colocada em segundo plano na instituição. Nos últimos quarenta anos, enquanto o número de policiais triplicou, os administrativos tiveram um incremento de apenas 30% em suas fileiras. É difícil imaginar, mas, há quarenta anos, esse descompasso não existia, com a remuneração das duas carreiras se equivalendo.

A falta de perspectiva na carreira administrativa tem feito com que muitos servidores deixem a Polícia Federal em busca de melhores oportunidades em outros órgãos públicos e na iniciativa privada. Sem ter como dispor das atividades desempenhadas pelos servidores administrativos, a Polícia Federal não raro se vê obrigada a desviar policiais do combate ao crime para executar tarefas de competência do PECPF. O resultado disso é um duplo desperdício de dinheiro público, pois um policial, melhor remunerado, passa a desempenhar atividades administrativas, e a sociedade deixa de dispor de um profissional no combate direto à criminalidade.

Ao desvalorizar o servidor administrativo da PF, o Brasil vai na contramão das principais polícias do mundo. O melhor exemplo disso é o FBI, a polícia federal norte-americana. Lá, os administrativos são valorizados e numerosos. Enquanto na PF há quatro policiais para cada servidor administrativo, no FBI, a proporção é de dois administrativos para cada policial.

A categoria atualmente amarga cinco anos sem reajustes salariais. De acordo com o IPCA, o poder de compra da categoria (que já era baixo) encolheu 25,69% nesse período. Além disso, com a Reforma da Previdência os administrativos da PF passaram a recolher mais impostos, e viram estacionar o histórico pleito de regulamentação das atribuições de fiscalização e de controle exercidas pela classe. Mas o que já está ruim pode piorar ainda mais com a vindoura Reforma Administrativa, que pretende retirar ainda mais direitos e ampliar a divisão em castas dentro do funcionalismo.

Em 2017, este SinpecPF chegou a produzir dois vídeos institucionais explicando a luta da categoria. Eles podem ser acessados por meio dos links: https://youtu.be/g2Gy2mY7pAE e https://youtu.be/E9Rv7LkzdVE . Após assisti-los, será fácil constatar que pouca cosa mudou de lá pra cá.