Um dos alvos da reportagem do “Fantástico” sobre cobrança de propinas em contratos públicos, o grupo Locanty, dos empresários João Alberto Felippo Barreto e Pedro Ernesto Barreto, pode estar mais entranhado em repartições públicas do que se imagina. Há pelo menos seis empresas que exploram a marca, têm sócios ou ligações familiares em comum. Duas delas mantêm contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada com a Superintendência da PF no Rio de Janeiro.

Longe dos holofotes, um nome se destaca: fundada em 1995, a SCMM Serviços de Limpeza e Conservação ganhou Pedro e João como sócios em setembro de 2010. Evoluiu de um faturamento zero em 2008 no governo federal para nada menos do que R$ 21,4 milhões no ano passado.

Na União, os braços da SCMM se espalham por diversos órgãos. No ano passado, a maior fatia do bolo foi paga pela UFRJ: R$ 7,2 milhões. Em seguida veio a UFF, com R$ 2,6 milhões. Nem a Polícia Federal escapou: R$ 1,5 milhão em gastos para serviços de limpeza na Superintendência do Rio. Os valores foram evoluindo: em 2009, o total foi de apenas R$ 212,9 mil. Em 2010, R$ 5,9 milhões. Este ano não deve ser ruim: já foram R$ 4 milhões em verbas.

A primeira empresa a receber a marca do grupo sob o comando de Pedro Ernesto Barreto e João Alberto Felippo Barreto entrou em operação em 1993. A Locanty Comércio e Serviços ainda está ativa sob o nome de Minelimp Comércio e Serviços Ambientais e tem sua sede em Caxias a poucos metros das instalações do grupo empresarial. Pedro e João deixaram a companhia — que é alvo de uma ação judicial por problemas em serviços prestados à Prefeitura de Caxias — no fim da década.

Um mistério cerca a Locanty Segurança e Vigilância. Em novembro de 2010, ela ainda se chamava Mello Camargo e Araújo, quando ganhou um pregão para prestação de serviços para a Polícia Federal. Em março de 2011, ganhou a nova nomenclatura. Mas, oficialmente, o grupo Locanty não admite ter relação com a empresa, que usa a sua mesma logomarca.

— A imagem de qualquer empresa é a sua marca. Se a logomarca é idêntica, das duas uma: a Locanty autorizou o uso ou permitiu que um concorrente violasse seu símbolo. Mas a última hipótese é improvável num mercado competitivo — diz o advogado especializado em marcas e patentes, o advogado Julio Guidi Lima da Rocha.

Em nota divulgada à imprensa, a SR/RJ nega possuir contratos com a Locanty Comércios e Serviços Ltda., afirmando que no momento não há indícios que vinculem as duas empresas. Na nota não há qualquer menção à ligação dos donos da Locanty com a SCMM Serviços de Limpeza e Conservação.

Para dirimir qualquer suspeita, o superintendente da PF no Rio de Janeiro, Valmir Lemos, afirmou que vai analisar todos os contratos firmados entre as empresas citadas e a PF, responsável pelas investigações da denúncia. Caso sejam identificadas irregularidades, Lemos considera até mesmo suspender ou rescindir os contratos caso alguma irregularidade seja apurada.

Com informações do Jornal Extra.

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