Na última reportagem da série sobre a situação das fronteiras nacionais, o Jornal Nacional ouviu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para conhecer os planos do governo para reverter o quadro de abandono no qual se encontram as divisas do país. Segundo Cardozo, a presidente Dilma Roussef irá anunciar na quarta-feira (8) pacote de proteção às fronteiras, cujas medidas preveem o aumento do contingente da Polícia Federal nessas áreas.

O SINPECPF conhece bem a realidade enfrentada pelos servidores da PF nos postos de fronteira e vê com bons olhos a preocupação do governo em ampliar o aparelhamento de segurança nessas regiões. Contudo, o sindicato considera que a reestruturação da carreira administrativa deve integrar todo e qualquer programa que tenha como objetivo ampliar o número de policiais nas ruas. Isso porque o órgão sofre hoje com a carência de servidores administrativos, tendo de deslocar policiais para a execução de funções burocráticas. “A reestruturação da carreira administrativa permitiria o retorno desses policiais para a atividade fim, aumentando o contingente policial”, explica a presidente do SINPECPF, Leilane Ribeiro de Oliveira.

Chega a ser irônico que o anúncio do governo aconteça no mesmo dia em que a categoria administrativa irá paralisar suas atividades em protesto contra a crescente terceirização de mão de obra na Polícia Federal, também justificada pelo órgão como forma de suprir o escasso número de servidores administrativos. A reestruturação da carreira administrativa permitiria a PF solucionar dois de seus maiores problemas atuais: a carência de policiais atuando em operações e a dependência de funcionários terceirizados, profissionais que, como bem avalia o Tribunal de Contas da União, constituem vínculo “precário”.

O SINPECPF espera que as recorrentes denúncias veiculadas pela imprensa façam com que o governo dê a devida atenção à reestruturação da carreira administrativa, pois esta demanda trará grandes benefícios para a segurança pública nacional, hoje carente de políticas de longo prazo. As soluções imediatistas devem ser abandonadas, pois elas não são mais que paliativos para os problemas estruturais enfrentados no setor. O momento de resolver estas questões é agora, e a reestruturação administrativa pode ser o primeiro passo.