“Iremos assumir os riscos por nossas ações e lutar por uma carreira mais justa, ou iremos nos acomodar e nos contentar com as migalhas que nos são oferecidas?” questiona a diretora de assuntos parlamentares do SINPECPF, Pauleana Martins Nunes, para os servidores do PECPF que compareceram à Assembleia Geral Extraordinária promovida pelo sindicato na manhã de segunda-feira (21).

A declaração forte resume bem o momento decisivo que a categoria vive. A principal demanda dos servidores administrativos – a reestruturação do PECPF – está atualmente em debate no Ministério do Planejamento e na Câmara dos Deputados. Para a presidente do SINPECPF, Leilane Ribeiro de Oliveira, o pleito é eminentemente político e exige a mobilização da categoria. “Devemos convencer as autoridades de que somos uma categoria diferenciada, e para tanto é preciso que a categoria esteja unida nas manifestações que o sindicato pretende promover nos próximos dias”.

Durante o encontro, Leilane fez um pequeno resumo do andamento das negociações, a começar pela proposta de ajuste salarial “pontual” oferecida pelo Planejamento que, na opinião da presidente, chega a ser ofensiva. “Uma gratificação por qualificação no valor de R$ 250,00 para os servidores de nível intermediário é algo absurdo! Estão nos oferecendo uma esmola, e não é isso que queremos!”, afirmou indignada.

Em seguida, a presidente passou a falar sobre as negociações pela reestruturação da carreira, comentando os recentes encontros com o ministro do planejamento, Paulo Bernardo, e o chefe de gabinete do presidente da república, Gilberto Carvalho. “Ambos confirmaram que o governo tem interesse em voltar 10 anos no tempo, recriando o Plano Geral de Cargos”, revelou. Na opinião da presidente, este retrocesso pode até funcionar para os ministérios, em razão da natureza genérica das atribuições de seus servidores, mas não para a Polícia Federal, órgão no qual o servidor administrativo possui papel diferenciado. “Paulo Bernardo chegou a dizer que o governo estava fazendo algo bom para a PF. Tive de responder que ele não conhecia a realidade do nosso órgão”.

Os debates em torno do projeto de Lei Orgânica da Polícia Federal também foram abordados durante a Assembleia. Para Leilane, a categoria conseguiu atingir seu objetivo nas audiências públicas promovidas pela Câmara dos Deputados. “Nos tornamos tema central do debate”. Apear disso, Leilane deixa claro que o trabalho junto aos parlamentares ainda não terminou. Segundo ela, o momento é de pressionar para que a defesa dos pleitos do PECPF não se resuma aos belos discursos proferidos em plenário. “Queremos ser contemplados na Lei Orgânica de forma concreta, para que sejamos valorizados. E a melhor forma de garantir é prevendo a reestruturação da carreira dentro da própria lei, como havia sido inicialmente planejado”, pontuou.

Os servidores presentes na Assembleia concordaram que o momento é de pressionar as autoridades. Mas Leilane fez um alerta – essa pressão não pode vir apenas do sindicato. “O sindicato irá promover uma série de manifestações contra esse governo que promete e não cumpre. Se greves não têm funcionado, iremos utilizar outra estratégia”, assegurou a presidente, revelando que o sindicato planeja aproveitar as eleições para promover manifestações políticas. “As eleições estão aí, é um momento propício. Ainda há tempo de as autoridades cumprirem o que prometeram, do contrário, iremos até as ruas expor todos os erros de gestão cometidos dentro da Polícia Federal”.

O primeiro destes movimentos já está agendado. Na próxima quinta-feira (24), o SINPECPF estará nas ruas da Esquina Democrática, em Porto Alegre – RS, para questionar o ex-ministro da justiça Tarso Genro sobre as promessas de reestruturação feitas e não cumpridas durante sua gestão à frente da pasta. “O governo teve oito anos para honrar este compromisso. A sociedade precisa saber disso”, alfinetou Pauleana.

Vale destacar que este é apenas o primeiro dos movimentos planejados para o SINPECPF. Na Assembleia, ficou decidido que Brasília será o palco da próxima manifestação. “A capital do país não poderia ficar de fora dessas manifestações. Contamos com a presença de todos vocês nos protestos do SINPECPF!”, conclamou Leilane.