A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira 11 pessoas envolvidas no suposto esquema que desviou R$ 26 milhões de recursos do Governo do Distrito Federal (GDF). Todos os detidos estão ligados ao Instituto Candango de Solidariedade (ICS), apontado pelas investigações como o canal usado para fraudar os cofres públicos. Entre os presos estão o presidente do ICS Lázaro Severo Rocha, o ex-presidente Ronan Batista de Souza, além de funcionários, parentes e pessoas com ligação próxima a eles. Outras três pessoas devem ser presas ainda hoje.

A operação é do Ministério Público Federal e do DF, mas contou com a ajuda da PF, que a batizou de Operação Candango. A ação começou às 6h. Foram deslocadas 17 equipes e 80 policiais para cumprir 13 mandados de prisão e outros oito de busca e apreensão em empresas e residências dos acusados.

Irregularidades

Investigações feitas pela Receita Federal, Ministério Público e Polícia Federal já haviam concluído que os recursos desviados foram parar na conta de empresas ligadas a dirigentes do ICS. O instituto é uma sociedade civil, a princípio, sem fins lucrativos. Nos últimos 10 anos, passou a ser usado para contratar serviços e funcionários terceirizados para o GDF.

Para descobrir a rota do dinheiro desviado, a Justiça autorizou a quebra dos sigilos fiscal e bancário do presidente e do ex-presidente do ICS. Movimentações financeiras dos dois indicaram que parte de recursos do ICS, repassada pelo GDF, foi depositada inicialmente na conta de parentes dos próprios dirigentes.

Movimentação suspeita

Apesar de não possuírem rendimentos declarados à Receita Federal, familiares de Ronan e Lázaro passaram a movimentar nos últimos três anos milhões em suas contas. Num segundo momento, o esquema teria sido ampliado e o dinheiro passou a ser transferido para empresas em nome deles, de sócios e parentes. Até o momento, a força-tarefa já identificou cinco empresas, que receberam os recursos públicos, ligadas a Ronan: Caetano Almeida Engenharia Ltda, Neves Barbosa Advogados, KLY Comunicação, Obeid Indústria e Comércio de Alimentos Ltda e PFG Consultoria. Outras duas empresas beneficiadas estão registradas em nome de Lázaro e de seus sócios: Comercial Almeida Ltda. e a Kraft Consultoria.

Sinval Neto e Fernanda Odilla

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